Informações para estudantes de pós-graduação em Filosofia buscando oportunidades no exterior

Por Hugo Mota

Perguntas preliminares (faça-as e responda a você mesmo):

  • Por que deseja buscar oportunidades fora do país?
  • Pretende se mudar só ou com outra(s) pessoa(s) (parceiro, filhos, pets)?
  • Quais línguas você já domina/pretende estudar?
  • Qual o período/ano que deseja iniciar os estudos?
  • Quais são seus países/continentes de escolha?
  • Quais são suas áreas de interesse/especialização?

A depender das respostas às perguntas acima, diferentes informações/dicas se aplicarão!

Informações gerais:

  • Tenha em mente que, independente da escolha, invariavelmente haverá gastos (mais ou menos dispendiosos, a depender do país):
    1. Passaporte (aproximadamente 250 reais);
    2. Certificado de Proficiência (aproximadamente 1000 reais, no caso da língua inglesa);
    3. Tradução juramentada de documentação (aproximadamente 800 reais);
    4. Taxa de aplicação (varia de 0 a 600 reais);
    5. Taxa do GRE (caso pretenda estudar nos EUA, algumas instituições pedem, valor aproximado de 1000 reais);
    6. Visto (taxas a depender do país);
    7. Passagens de avião (somente ida, de 2000 reais pra cima).
  • Será necessário elaborar alguns documentos para o “pacote de aplicação” (abaixo listo todos que conheço, mas a exigência dependerá do país/universidade ou da vaga):
    1. Writing sample (amostra de trabalho escrito, geralmente um artigo ou trecho de sua monografia/dissertação);
    2. Personal statement/Research statement/Cover letter/Application letter (texto breve, entre 1 a 4 páginas, relatando sobre sobre aspectos de sua carreira, pesquisas, interesses, personalidade e habilidades);
    3. Curriculum Vitae (seu currículo acadêmico/profissional em inglês, o mais completo possível dentro dos limites de cada seleção);
    4. Letters of Recommendation/Reference letters/References (cartas de recomendação ou nomes de pessoas que podem te recomendar à universidade, geralmente 2 ou 3 cartas/pessoas ― ideal solicitá-las cedo, especialmente para professorxs próximos ou (ex)orientadorxs, o melhor é que sejam aquelxs que tenham de fato ajudado você em sua carreira e conheçam seu trabalho);
    5. Research proposal/Project description (proposta de pesquisa ou descrição breve do projeto que você deseja desenvolver, geralmente entre 4 a 10 páginas ― nem sempre requisitado, mas quando é, trata-se de uma das coisas mais relevantes para sua aplicação)
    6. Transcripts (Históricos escolares da graduação e mestrado traduzidos ― via tradução juramentada);
    7. Certificates/Degrees (Certificados ou Diplomas de conclusão de graduação e mestrado traduzidos ― via tradução juramentada);
    8. Online Application Form (Formulário de aplicação online, geralmente disponível pelo site da instituição);
    9. Proficiency Exams (caso inglês, os mais aceitos são TOEFL IBT, IELTS, Cambridge… os requisitos mínimos geralmente são dispostos na página da instituição, mas em geral pede-se nível B2+);
    10. GRE (Uma espécie de exame geral para ser aceito em algumas instituições nos EUA);
    11. Application fees (a depender da instituição, algumas cobram mas oferecem meios para abonar o valor, outras não possuem taxas de aplicação ― em geral, instituições europeias não cobram, enquanto que instituições americanas quase sempre cobram).
  • Etapas do processo:
    1. Escolha das instituições/vagas/editais que deseja tentar (sugiro os seguintes sites/meios para buscar programas e vagas em Filosofia: PHILOS-L (lista de emails internacional muito atualizada utilizada para divulgação de vagas, eventos, chamadas de artigos em Filosofia), PhilJobs (site de vagas que lista vagas em Filosofia), Jobs UK (site de vagas especificamente no Reino Unido), Jobbnorge (site de vagas especificamente na Noruega), Academic Transfer, EURAXESS (site de vagas na Europa), Philosophical Gourmet Report (ranking de instituições nos EUA em relação à Filosofia), Pluralist’s Guide (guia para programas em Filosofia voltados para abordagens não-tradicionais)  Ranking de instituições na Europa, WONDER Philosophy (Workshop voltado para auxiliar estudantes internacionais de filosofia a aprenderem como realizar submissões para vagas no exterior) e, por incrível que pareça, Twitter (seguindo pessoas de filosofia, muitas vezes aparecem oportunidades boas por lá ― foi pelo twitter que vi a vaga que consegui ser selecionado);
    2. Contato com possíveis orientadores (geralmente opcional, mas quase sempre será útil até para confirmar se de fato deseja tentar no local escolhido);
    3. Preparação da documentação;
    4. Preenchimento do formulário de aplicação;
    5. Submissão da aplicação (se possível, busque enviar várias ao mesmo tempo);
    6. Confirmação da submissão (significa que você teve sua inscrição homologada);
    7. Convite para entrevista (significa que você está na lista dos selecionados, a “shortlist”);
    8. Preparo para a entrevista (geralmente serão feitas perguntas sobre sua carreira, sua motivação para aplicar a esta instituição, se está aplicando para outras, seus interesses na área, sua pesquisa, como você e sua pesquisa irão colaborar com o programa/grupo/projeto que você está aplicando, sobre como você lida com problemas, como é seu dia a dia de estudo/pesquisa, sobre sua capacidade de cooperação, como você pretende finalizar a pesquisa no tempo devido, se você terá disponibilidade para se mudar, etc.);
    9. Resultado da entrevista (classificação em um ranking provisório elaborado pela comissão avaliativa que esteve presente na entrevista, que será posteriormente confirmado ou alterado por um comitê mais amplo composto por membros da instituição/departamento/grupo);
    10. Resultado final (confirmação final se você foi aceito para a vaga);
    11. Oferta do emprego (confirmação formal, último momento para aceitar ou recusar a vaga ― até receber isto, infelizmente ainda existem chances remotas de você ser rejeitado subitamente (chamam isto de ghosting acadêmico), então é importante ser cauteloso);
    12. Aplicação para visto e organização do procedimento de mudança (em geral, sua instituição irá auxiliá-lo no processo de aplicação para o visto, e algumas inclusive poderão oferecer alguma assistência, financeira ou de outro modo, na sua mudança/adaptação).
  • Comece o mais rápido possível a procurar por instituições e vagas desejadas e a compreender o que você precisará fazer para submeter sua aplicação;
  • Não deixe de acreditar nas suas chances! Além de provavelmente você ser muito capaz, muitas instituições do exterior buscam estudantes internacionais ― algumas inclusive dão prioridade em suas seleções.

Meu relato

Nesta seção, farei uma breve descrição de como se deu meu processo de aplicação e como está a situação atual após a aprovação em uma universidade europeia. Farei isto respondendo cronologicamente de acordo com perguntas preliminares e as informações gerais acima.

Perguntas:

  • Porque deseja buscar oportunidades fora do país?

Já tinha interesse de conseguir uma vaga de doutorado no exterior desde que iniciei o mestrado, mas naquela época havia considerado que isso seria muito difícil, então foquei em conseguir uma boa colocação em um programa de doutorado no Brasil, pois assim teria garantia de bolsa e maior chance de ser aceito em um edital de doutorado-sanduíche.

Mesmo assim, desde 2018 venho buscando oportunidades, pois essa minha vontade nunca sumiu. Em verdade, só foi aumentando à medida que a situação no país ia piorando cada vez mais. O estopim foi dado quando em Março de 2021 soube que o programa de doutorado que estava vinculado não teria nenhuma bolsa de doutorado disponível para ingressantes devido ao corte injusto feito pelo CNPq, que vem sofrendo cortes cada vez maiores no atual governo. Uma semana após saber disso, passei todo o tempo que tinha disponível pesquisando programas e vagas de doutorado no exterior que oferecessem bolsa/financiamento e que iniciassem ainda em 2021. Com o tempo, elaborei toda a documentação que precisava e já comecei a submeter aplicações.

Em resumo, minha principal motivação foi uma espécie de instinto de sobrevivência na área.

  • Pretende se mudar só ou com outra(s) pessoa(s) (parceiro, filhos, pets)?

Irei me mudar com minha parceira e nossas gatas. Caso você deseje se mudar com um acompanhante familiar/parceiro, é importante pesquisar e se informar sobre as possibilidades e requisitos para se fazer isto com segurança. Em relação aos pets, é preciso verificar a regulamentação do país de sua escolha sobre os procedimentos para viajar ― a maioria das informações necessárias consta no site do ministério da agricultura do Brasil.

  • Qual o período/ano que deseja iniciar os estudos?

Como dito acima, minha preferência era iniciar ainda em 2021.

  • Quais línguas você já domina/pretende estudar?

Felizmente já possuía um bom domínio da língua inglesa. Geralmente todas as instituições de ensino irão aceitar o inglês como suficiente, mesmo na Europa. Exceções podem existir a depender do caráter da vaga.

  • Quais são seus países/continentes de escolha?

De início, minha preferência já era a Europa. Como as universidades nos EUA tem um processo mais longo e só iniciaria no final de 2022, procurei menos vagas por lá. Também foquei em países que não cobram taxas para estudo em universidades (Holanda, Alemanha, Finlândia, Estônia, Suécia, Dinamarca, Suíça, Noruega, etc.). Como alternativas, busquei as diversas instituições do Reino Unido (especialmente Inglaterra e Escócia) e considerei a Universidade de Sydney.

  • Quais são suas áreas de interesse/especialização?

Minhas áreas de especialização são epistemologia, filosofia da linguagem e filosofia da mente. Tentei direcionar minha busca de modo que não tivesse que me adaptar muito para conseguir aumentar minhas chances, mas minha recomendação é a de se manter aberto para as diversas oportunidades que você encontrar. Como o caráter das pesquisas e projetos no exterior está cada vez mais voltado para interdisciplinaridade, é importante que você esteja ao menos ciente disso e disponível para aprender como se movimentar em outras áreas.

Felizmente, a primeira aplicação (e a que mais desejava) que fiz já foi bem sucedida. Em Agosto de 2021 inicio minha pesquisa na Universidade de Oslo, na Noruega. Mas, antes de relatar coisas mais específicas sobre esse processo, irei abaixo comentar um pouco sobre como foi a pesquisa para encontrar programas e vagas e como elaborei a documentação necessária para as aplicações que submeti.

  • Documentação
    1. Writing sample: como não tinha nenhum artigo publicado/escrito originalmente em inglês, traduzi dois artigos (um deles diretamente relacionado com meu projeto de doutorado) e um capítulo da minha dissertação ― a depender da vaga, enviava um ou mais desses textos na aplicação;
    2. Application letter: elaborei um texto geral no qual me apresentava (breve apresentação pessoal e profissional), era honesto sobre minhas motivações e situação (já estava em programa, mas precisava sair por conta do corte de financiamento), explicava minha pesquisa, oferecia considerações sobre as contribuições que ela pode prover, mostrava porque me interessei por este programa/esta vaga e ao final finalizava com observações avaliativas sobre minhas capacidades e habilidades de pesquisa e trabalho, geralmente tentando ressaltar a abertura para cooperação em grupo e interdisciplinaridade ― em geral, a estrutura e o texto sempre era o mesmo para todas as aplicações, mas adaptava as partes que diziam respeito aos programas/vagas específicos;
    3. Curriculum Vitae: busquei modelos a partir de CVs de colegas professores e de pesquisadores internacionais disponíveis pela internet (especialmente via Academia.edu);
    4. Reference letters/References: solicitei apoio dos meus três orientadores, graduação, mestrado e doutorado, pois todos sempre realmente me ajudaram durante minha carreira ― minha sugestão aqui é a de ir atrás de pessoas que realmente te conhecem, não focar em procurar “nomes conhecidos” que talvez não saibam de verdade descrever você e seu trabalho;
    5. Transcripts: inicialmente, busquei meus históricos e eu mesmo traduzi, a maioria das aplicações aceitava isto, mas depois pedia que fosse a tradução juramentada ― em geral, irão olhar a quantidade de créditos totais para checar se é equivalente aos cursos do país e então julgar a sua média geral final (GPA – Grade Point Average);
    6. Certificates/Degrees: como (até hoje) minha universidade não conseguiu entregar meu diploma de mestrado, usei as declarações que tinha, além do diploma de graduação ― também pedem que seja traduzido para o inglês, mas geralmente você pode já aplicar mesmo sem essa tradução oficial: 
    7. Online Application Form: importante buscar no site da instituição ou na chamada da vaga onde e como é feita a aplicação ― por vezes pode até ser via email;
    8. Proficiency Exams: nesse caso, já tinha um certificado de proficiência TOEFL, mas tive que fazer um novo pois este antigo já tinha passado da “validade” ― o processo do exame online do TOEFL IBT Home Edition é um pouco estranho, mas funcionou bem, recomendo que caso escolha este, tente treinar pela própria ferramenta de simulação disponível no site;
    9. GRE: como não apliquei a nenhuma universidade dos EUA, não precisei;
    10. Application fees: felizmente nenhuma aplicação que fiz requisitava pagamento de taxas.
  • Etapas dos processos (em especial o que fui selecionado):
    1. Após decidir qual continente iria me focar, busquei praticamente todas as universidades nas quais existiam programas de Doutorado em Filosofia e que permitiam realizar o curso em inglês ― busquei utilizando os sites disponibilizados acima. Então, com essa lista comecei a pesquisar detalhadamente as áreas de especialização de cada programa que eu me encaixaria e passei para a análise dos professores que poderiam possivelmente me orientar;
    2. Feito isso, enviei dezenas de e-mails (mais de 40, ao todo) para esses professores, sempre me apresentando, falando de minha situação, do meu projeto, do meu interesse em trabalhar com ele(s) ou ela(s), mas sempre deixando claro que gostaria de saber especificamente sobre vagas totalmente financiadas (bolsas, salários…). À medida que ia recebendo respostas, criava a lista de prioridades de acordo com a disponibilidade de bolsa e a receptividade dos professores ao meu projeto. Esse processo é interessante pois muitos já dão um feedback interessante sobre sua pesquisa, seja elogiando, seja oferecendo sugestões de bibliografia, ou comentando sobre como melhorar a escrita. É um processo muito trabalhoso e cansativo, mas vale a pena, mesmo sabendo que você só vai realmente entrar em uma instituição, a ideia aqui já é criar laços mínimos com a rede internacional de pesquisadores;
    3. Preparação da documentação já foi relatada acima ― reitero a importância da honestidade, pois muito poderá ser questionado na entrevista;
    4. Preenchimento do formulário de aplicação: no caso da vaga para a Noruega, todo o procedimento é realizado através do site jobbnorge.no;
    5. Submissão da aplicação: é interessante buscar comentários e sugestões de colegas pós-graduandos e professores sobre sua documentação antes de submetê-la ― quanto mais aplicações enviei, melhor fui desenvolvendo a formatação e texto dos documentos que submetia;
    6. Confirmação da submissão (significa que você teve sua inscrição homologada): geralmente ocorre de maneira automática, mas se não for o caso, tente entrar em contato por email para evitar qualquer problema;
    7. Convite para entrevista (significa que você está na lista dos selecionados, a “shortlist”): no meu caso, como fui rapidamente chamado para a entrevista para a vaga da Noruega (sempre via jobbnorge.no), essa foi a única que realizei ― depois de aceito, cancelei todas as demais aplicações, então não sei como seria feito o convite por outras instituições;
    8. Preparo para a entrevista: não é muito diferente das entrevistas de seleção de pós-graduação no Brasil, a não ser em relação ao tempo disponível. No meu caso, foram 45 minutos. Tentei me preparar antecipando perguntas, preparando textos breves sobre como minha pesquisa iria contribuir com o projeto (nesse caso, a vaga é em um projeto de pesquisa específico, no qual sua proposta original deve se encaixar na medida do possível para contribuir), como minha carreira me preparou para assumir uma vaga como essa, e também refletindo honestamente sobre as principais dificuldades que seriam enfrentadas. Foram realizadas 19 perguntas-padrão (feitas a todos os candidatos) que trataram basicamente de todos os tópicos mencionados acima. Fui o mais honesto que pude sempre, também tentando passar através de minhas respostas quem eu sou de verdade ― sério e conciso quando necessário, brincalhão quando possível e adequado. Acredito que isso foi facilitado por conta da receptividade e gentileza dos entrevistadores, fui muito bem tratado e todos de fato prestavam atenção em minhas respostas, sorriam quando gostavam de algo e não tinham medo de sair um pouco do script quando conveniente. Em relação à língua, meu conselho é não ter medo de errar, tentar pensar que os outros candidatos também não devem ser tão fluentes assim, e considerar que o mais importante é ser entendido, visto que, se te chamaram, fizeram isso sabendo que você não é de um país de língua inglesa ― um lembrete sempre bom, também, é que todos tem sotaque, não tenha medo de expressar o seu;
    9. Resultado da entrevista: em geral, esse resultado é público, mas no caso dessa seleção em específico era necessário manter sigilo (não sei ao certo o motivo). Fui contatado pela professora líder do projeto, que será minha orientadora, e mantive sigilo até que saísse o resultado final ― apenas 5 candidatos foram chamados para entrevista, e fui selecionado para ficar em 1º no ranking provisório elaborado pela comissão;
    10. Resultado final: este resultado positivo foi comunicado a mim mais ou menos duas semanas após o resultado anterior ― como dito anteriormente, foi feita uma avaliação da decisão tomada pela comissão de avaliação (que havia elaborado um relatório justificando a decisão) por parte de um grupo maior de pessoas, professores e professoras do departamento de filosofia;
    11. Oferta do emprego: pouco menos de uma semana depois, recebi o contato do chefe do departamento perguntando se eu desejava aceitar a oferta, e perguntando se eu precisava de mais tempo antes do início estipulado do projeto para poder me mudar. A partir desse ponto, já pude comemorar sem muito medo e dar prosseguimento à organização de todo o resto que faltava;
    12. Aplicação para visto e organização do procedimento de mudança: minha instituição auxilia em todo o processo de visto, de modo que não há riscos do pedido ser negado. Também oferecem todo o suporte para a mudança e adaptação no novo país. A burocracia pode ser grande e complicada a princípio, mas depois de várias perguntas e esclarecimentos, vê-se que não é lá tão diferente do Brasil ― só mais organizado, ao menos em minha experiência. Um detalhe é que em muitos países da Europa (inclusive a Noruega), doutorado é considerado um emprego, portanto você possui um contrato de trabalho, recebe salário, benefícios, paga impostos, tudo que tiver direito para viver dignamente).

Em caso de maiores dúvidas, ou caso queira que eu envie os documentos que elaborei como modelo, por favor, não hesite em entrar em contato comigo via hugormota.os@gmail.com.