Hubert Dreyfus foi um filósofo que deixou como legado uma interpretação de conceitos da fenomenologia advindos de Husserl, Heidegger e Merleau-Ponty aplicados à inteligência artificial. Descobrir os conceitos da fenomenologia por meio dos ensinamentos desse filósofo é uma aventura bastante interessante e rica, que promete subverter muitas ideias pré concebidas que possamos ter da nossa existência no mundo.
Fiz aqui uma seleção de vídeos em que Dreyfus comenta alguns conceitos fundamentais da fenomenologia, que podem ser úteis para quem deseja entrar nesse universo.
Gap sujeito-objeto
Neste primeiro vídeo, na primeira parte da entrevista (chamada Fenomenologia), Dreyfus comenta sobre os movimentos de Heidegger contra a distinção sujeito-objeto cartesiana. Para a fenomenologia, não há um abismo entre sujeito e objeto, ou um gap; sujeito e objeto precisam um do outro para existir. Como aprendemos sobre o mundo? Não é armazenando uma série de fatos em nossas cabeças. Nós aprendemos na medida em que vamos discriminando o mundo, e assim ele vai se descortinando para nós. Merleau-Ponty compara esse fenômeno a uma cidade que a princípio não conhecemos e então nos parece caótica. Na medida em que a experimentamos, na medida em que a conhecemos, nós nos apropriamos dessa cidade e passamos a ser capazes de caminhar, de nos localizar por ela. Não precisamos de modelos do mundo armazenados em nossas mentes porque o mundo é o melhor modelo de si mesmo, diz Dreyfus, em clara referência à frase famosa do roboticista Rodney Brooks, “The world is its own best model”.
Na parte chamada de Inteligência Artificial, Dreyfus comenta sobre a premissa equivocada da IA, que partiu da ideia de que armazenamos representações do mundo, e sobre como isso não poderia dar certo porque não é assim que humanos funcionam. Ele explica o frame problem na IA (mais ou menos aos 13′ do vídeo) e comenta sobre a dificuldade de incutir, nas máquinas, conhecimentos do senso comum.
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