Como a série “The Crown” pode contribuir para a nossa discussão sobre educação?

No episódio (muito bem) intitulado “Scientia Potentia Est”, da primeira temporada de The Crown*, série disponível no Netflix, a jovem rainha Elizabeth se dá conta de que talvez não esteja preparada como deveria para a função que precisa exercer. Educada para ser uma “princesa”, Lilibet, para os íntimos, não teve acesso à mesma escola das crianças e jovens “comuns”.

Com os soviéticos testando a bomba de hidrogênio e contando com um Primeiro-Ministro (Winston Churchill) e um Secretário de Assuntos Estrangeiros (Anthony Eden, que viria a ser o sucessor de Churchill) doentes, a rainha se vê às voltas com questões que não lhe acendem nenhuma fagulha na mente, uma vez que em sua educação formal fora privada de estudar matemática, física, filosofia, literatura, história e afins.

Preocupada com sua (falta de) educação, Elizabeth II – que viu sua figura se popularizar instantaneamente após a transmissão televisionada de sua coroação, num episódio incomum para os idos anos 50 e que mostra que ela viveu rupturas desde o início de seu reinado – pede que lhe seja arranjado um tutor. Ao professor, dá a missão de lhe ajudar a recuperar o que considera “tempo perdido”. Quer ser preparada para as questões e situações que tanto se ligam aos fatos históricos que ela se absteve de conhecer durante os anos em que deveria ter ouvido sobre isso nos bancos da escola.

Impossível não associar a angústia da rainha às questões atuais que pautam os debates sobre educação no mundo – ao menos para quem se vê debruçada sobre o assunto, como é o meu caso. Para que estamos educando as nossas crianças? Que preparo a escola formal é atualmente capaz de dar a elas, num mundo que caminha para a total digitalização, mas também carente de tantas coisas que um dia foram abundantes? Estamos preparando os jovens para o mundo em que eles vão viver, e que mal podemos prever como será? E nós, que vivemos hoje, fomos preparados para o que viria agora? E para educar os nossos jovens?

Por outro lado, a rainha acaba descobrindo que sua educação veio a lhe ser, sim, muito útil. Falha e insuficiente, talvez; inútil, não. Lilibet foi apresentada à Constituição muito jovem, e se aprofundou nos estudos de cada linha do documento – conhecimento que lhe veio a ser indubitavelmente útil, por exemplo, diante da necessidade de ser dura com o Primeiro-Ministro Churchill e deixar claro que ele nunca deveria ter lhe escondido a verdade sobre sua saúde; afinal, assim ele impediu que a rainha cumprisse com sua obrigação de garantir a atuação do (bom e saudável) governo.

E o que a constatação da rainha Elizabeth quanto ao valor de seus conhecimentos sobre a Constituição, ou a ausência de conhecimentos sobre guerras, conflitos, vitórias, fórmulas, filósofos e teorias tem a nos dizer? Talvez signifique que uma boa proposta, nesta turbulenta fase de transição em que vivemos, seja o equilíbrio entre o que se ensina hoje na escola, o que precisa ser ensinado e a forma de ensinar. Rever a forma de ensinar matérias, a conexão entre os assuntos, entre o passado e o presente; levar os alunos a perceber a utilidade daqueles conhecimentos.

Parece um bom caminho o da descentralização da sala de aula – que é, na verdade, uma tendência natural, não o resultado de uma decisão. Esse processo tem levado o o aluno a pensar mais, assumindo menos verdades como absolutas, questionando mais. O estudante precisa ser incentivado a pesquisar e a tirar as coisas a limpo por si mesmo, estímulo que deve partir de professores – cujo papel está mudando sensivelmente. É necessário ensinar a aprender, para que se aprenda a aprender, mais e mais, continuamente. Aprender, afinal, está e estará cada vez mais na pauta urgente de todos nós.

A forma, esta também precisa ser repensada, pois é sempre a melhor companheira do conteúdo, que, como dizemos, é o “rei”. Forma e conteúdo criam uma equação capaz de resultados surpreendentes. É o que sempre defendo quando explico os princípios da arquitetura da informação a quem se interessa em saber mais sobre os assuntos com os quais eu lido em meu cotidiano de trabalho. O que seria do conteúdo digital sem a arquitetura de informação?

Não há tempo para aprofundar esse tema aqui, o texto já está extenso demais. E o relógio faz tic-tac. Aliás, no episódio, a rainha tem alguns dias para entender – sem a ajuda do Google! – o básico do aparato militar até que se dê seu encontro com o então presidente americano Eisenhower. Para Lilibet, o futuro chegou sem pedir licença e mudou a ordem do dia, ou da lição. Para nós, não é diferente.

*Comecei a assistir a série incentivada pelo excelente artigo da jornalista Natalia Soares, publicado no LinkedIn e intitulado “O que a rainha da Inglaterra pode nos ensinar sobre trabalho”. Trabalhando com educação, não pude deixar de fazer links com os assuntos que povoam minha mente, e este artigo me surgiu à cabeça quase que completo ao assistir ao sétimo episódio. Agradeço à Natalia por ter me chamado a atenção para a série e por ter publicado o artigo, afinal, o meu não existiria sem o dela!

English Spoken! – Dicas para praticar inglês

Nas conversas com amigos, o tema tem vindo à tona: “Poxa, inglês é sempre exigido em vagas de emprego, mesmo para aquelas que nem são para cargos tão altos”. Pois é. O inglês é algo que todos nós temos que saber. Muitas vezes, o nível “instrumental” acaba servindo para o dia-a-dia. Mas, quanto melhor soubermos, melhor para nós.

Sempre fui apaixonada pela língua inglesa e, por conta disso, estudar inglês sempre foi natural para mim. Sou muito curiosa com o idioma. Comecei a estudar aos oito anos de idade e não parei mais, pois mesmo depois de terminar o curso do BRASAS continuei ouvindo, lendo, escrevendo e me atualizando, para evitar a perda da fluência e porque gosto.

Recentemente, descobri algumas ferramentas online que quis compartilhar por aqui, pois vivo recomendando para as pessoas que conheço, e as considero excelentes para ajudar a melhorar a pronúncia, aguçar os ouvidos e ampliar o vocabulário. Há também dicas para se preparar para provas e para dar aulas em inglês. Estão listadas abaixo, junto com outras dicas que me vieram à cabeça e não são necessariamente ferramentas online. Se tiverem outras, I appreciate se puderem postar nos comentários 😉 Também conheço excelentes professores de inglês, posso indicar para quem entrar em contato por mensagem.

1. FutureLearn

O site FutureLearn tem cursos gratuitos excelentes. Bem-estruturados, interessantes, com navegação intuitiva, são ministrados por diversos parceiros diferentes. Para o aprimoramento da língua inglesa, há uma série de cursos como “English for the Workplace” e o curioso “Exploring English: Shakespeare”, do British Council; um curso da University of Reading de redação de textos acadêmicos para iniciantes; cursos para quem dá aulas em inglês, como este de Cambridge voltado para professores de matérias como Matemática, História ou Ciências. Há diversos outros, basta fazer uma busca por ENGLISH ou usar este link aqui para acessar a busca que fiz.

2. Aplicativo BBC English Listening

Esse app disponível para Android ou iOS é ótimo para apurar os ouvidos, com destaque para o entendimento do inglês britânico. Oferece diálogos de seis minutos entre uma dupla, que fala rápido, como numa conversa real, mas com algumas inserções sobre vocabulário em que os participantes param para explicar sobre alguns vocábulos mencionados. Geralmente, os temas são leves e atuais, o que torna agradável ouvir os diálogos e não deixa essa atividade ficar maçante. Eu costumo ouvir no ônibus, na rua, na praia, enquanto cozinho em casa, enfim, em qualquer lugar ou situação.

3. Aplicativo Duolingo

O aplicativo, também em versões Android ou iOS, oferece cursos de inglês gratuitos, em pílulas diárias de 5 a 20 minutos, que são como metas que você estabelece para si mesmo e pode ajustar quando quiser. Tem teste de nivelamento para quem quiser começar a usar.

4. Livros para ouvir

Se você vai ler um livro e ele foi escrito originalmente em inglês, por que não se aventurar a ler a obra em sua língua mãe? Melhor ainda se puder fazer isso com livros digitais. Um e-book comprado para o Kindle, por exemplo, pode ser lido e ouvido ao mesmo tempo. Basta, para isso, você baixar o app do Kindle para o seu celular (Android ou iOS). Os livros que você comprou estarão lá, e os que tiverem áudio você poderá ouvir enquanto lê. Maravilha para a prática do idioma. Quando não puder ler e ouvir ao mesmo tempo, você pode também só ouvir o livro, onde quer que esteja.

5. O hábito de ter o inglês como idioma primário em tudo

Bom, esta não é exatamente uma ferramenta, é uma dica, e na verdade tem gente que sei que não vai gostar dela. Mas o fato é que tenho o hábito de deixar tudo meu – programas de computador, Netflix, e-mail, qualquer ferramenta online – com o idioma inglês como default. Não deixa de ser mais uma ajudinha, pois mantém a gente em contato com o inglês mais ainda do que já rola no nosso dia-a-dia tão influenciado por países em que a língua é nativa.

6. O hábito de falar com todo mundo

Sou aquela que não pode ver um gringo que puxa conversa só para treinar o inglês. Informações na rua? É comigo mesmo. Brincadeiras à parte, considero a vergonha a pior inimiga da prática do idioma. Liberte-se. Fale com quem você tiver a oportunidade de falar. Ouça com atenção, esforce-se em fazer o seu melhor para responder. Que mal há em errar? Melhor do que ficar calado e não aprender nada. E, além disso, todo mundo comete erros.

7. A série The Crown

É claro que assistir filmes em inglês em geral, ainda mais sem legendas ou com legendas em inglês, ajuda a treinar o idioma, aumentar o vocabulário e conhecer expressões idiomáticas. Mas, já que vamos fazer isso, sugiro fortemente a série The Crown (A Rainha), disponível no Netflix. Porque é maravilhosa e tem mil oportunidades de praticar o inglês com o sotaque bonito dos britânicos, sejam os da realeza ou súditos!

8. Os artigos do New York Times, BBC, qualquer site de notícias originalmente escrito em inglês

Ler notícias em inglês é bacana porque você acaba lendo sobre coisas sobre as quais já sabe algo, se você for minimamente bem-informado! Assim, com o contexto já conhecido, pode ficar mais tranquilo seguir adiante nas leituras e ampliar o vocabulário sem ter que parar para verificar o significado das palavras toda hora (tem gente que acha isso bem chato). Além de notícias, é claro que qualquer site de assuntos que interessem a gente pode ser legal para treinar, conhecer histórias bacanas e aprender novas palavras.