A robótica & os movimentos humanos: um paradoxo

Um dos grandes desafios para a indústria da robótica é a sofisticação dos movimentos humanos.

O nível de refinamento dos movimentos que os nossos corpos são capazes de fazer é altíssimo, e parece algo que já vem “embarcado” em nós.

É ainda muito pequenos que começamos a engatinhar, segurar objetos e desenvolver, assim, essa interação corporificada com o mundo a nossa volta, que só evolui mais e mais.

Movimentos simples para humanos podem ser complexos de ser reproduzidos em robôs. Essa questão difícil é conhecida como PARADOXO DE MORAVEC, em referência ao roboticista Hans Moravec.

Também é difícil exigir de robôs que “compreendam” o contexto das interações. Por isso o senso comum é um desafio para a indústria robótica. Isso transparece até quando testamos o Chat GPT. Senso comum não é o forte.

Chat GPT: precisamos fazer perguntas melhores

Adorei o texto de Stefaan G. Verhulst (pesquisador chefe e um dos fundadores do GovLab da Universidade de Nova York) que se intitula Debate: ChatGPT reminds us why good questions matter.

Basicamente, Verhulst indica como o Chat GPT nos instiga a pensar nas perguntas que temos feito. Para obter dados, precisamos fazer perguntas e procurar respostas para elas, afinal, dados não significam nada sem interpretação.

Como espécie e como sociedade, o autor diz, nós tendemos a procurar por respostas para guiar nossas ações e decisões relativas a políticas, por exemplo. Mas nos esquecemos de que é a maneira como perguntamos que afeta o tipo de resposta gerado.

Será que as perguntas que estamos fazendo estão mesmo levando `às respostas que pretendemos?

– O autor nos instiga a pensar

O processo de pesquisa científica é todo guiado por perguntas. Os relatórios finais trazem respostas, mas elas são a ponta do iceberg.

Perguntas também qualificam dados: elas transformam dados crus em informações ricas, úteis e aplicáveis. Isso que o autor indica serve até mesmo para os dados de acesso a um site, por exemplo. Pensei aqui em algo: se uma companhia deseja saber se o tempo que os usuários passam em seu site é um tempo “bom” ou não, ela precisa saber o que deseja que eles façam em seu site. Se é um site para resolver um problema imediato, como encontrar um contato ou submeter um formulário, provavelmente será ideal que time on site seja curto. Pode significar (não necessariamente, mas é uma das métricas) que rapidamente os usuários têm resolvido seu problema quando entram no site.

Por outro lado, um tempo mais longo passado num site pode ser desejável para uma plataforma de e-commerce, por exemplo. Nesse caso, poderia significar que os usuários estão navegando bastante pelos produtos ou serviços. Claro que, além da métrica do tempo, outras como as métricas que indicam conversão são também essenciais. Se muitas pessoas acessam uma página mas poucas efetivamente compram, isso pode representar um problema para quem deseja vender online, por exemplo.

Voltando ao texto do Verhulst: ele sinaliza que a inteligência artificial torna ainda mais evidente a importância de fazermos boas perguntas.

Quando os engenheiros da IA desenvolvem um modelo de aprendizagem de máquina que aprende com os dados, o que ele aprende – ou seja, o próprio modelo – depende da pergunta que procura responder a partir dos dados.

– Stefaan Verhulst
Entre aqui para ler o texto dele todo (vale muito a pena) 

Ministra do MCTI de Lula fala sobre as urgências da ciência no Brasil

Em entrevista à FAPESP, Luciana Santos, ministra do MCTI, fala sobre as urgências da ciência no Brasil, que vinha respirando por aparelhos e finalmente começa a assumir ares renovados.

Diante dos aumentos nas bolsas*, anunciados esta semana, destaco um aspecto da fala dela. Não basta aumentar os valores para que acompanhem a inflação e fiquem num patamar mínimo aceitável. Há questões mais abrangentes, estruturais e estratégicas, que precisam acompanhar as mudanças para que a ciência tome o porte que pode e que deve tomar num país como o Brasil.

“Nossas universidades reúnem o que há de excelência no ensino, na pesquisa, na extensão. Me parece que um vértice da questão é uma ausência de um projeto nacional de desenvolvimento. Se houver um projeto arrojado, baseado no uso da inteligência brasileira, as pessoas serão atraídas. É preciso emular, ostentar, mostrar o quanto a ciência é transformadora, o quanto isso é belo e revigorante, para que as pessoas tenham orgulho de ser cientistas”, disse a ministra – ver link abaixo.

*Ainda sobre o aumento dos valores das bolsas, para quem não sabe, elas exigem dedicação exclusiva, sem férias e sem os direitos trabalhistas integrais. Por isso, por mais que seja excelente a notícia da correção dos valores, há essas questões a serem corrigidas).

O alívio e o vazio

Sobre terminar um doutorado e abraçar o que vem depois, mesmo sem saber ao certo o que é que vem!

Fiz um doutorado. Defendi a minha tese no dia 6 de janeiro de 2023, na primeira semana do ano. Só aí meu ano começou. Mas não foi exatamente alívio que senti. Talvez tenha sentido, sim, algum alívio por um dia ou dois. Mas o que tomou conta de mim depois da defesa foi a apreensão pela incerteza, pela dúvida do que vem agora. Foram quatro anos que passei envolvida em uma pesquisa, durante os quais eu mudei de casa oito vezes; morei no Brasil e em Portugal; publiquei artigos; organizei um livro que foi publicado em Portugal; editei um livro que ainda não foi lançado; traduzi artigos do inglês para o português. Apresentei trabalhos em eventos mais de 20 vezes.

Passei (passamos) por uma pandemia! Uma pandemia…

E mesmo assim, ali estava o meu horizonte, produzir a tese, produzir artigos, seguir pesquisando. Eu sabia o que fazer, eu tive financiamento para a minha pesquisa (apertado, mas tive) e eu segui fazendo. Cumpri minhas metas. Foi um bom truque de sobrevivência. Mas eu quase não respirei, e um dia a conta vem. Veio. Enquanto todos me perguntam se estou feliz e tranquila, eu tenho vontade de dizer não…! Tudo menos tranquila.

O doutorado é um tempo incrível em que a gente se dedica a um tema e o estuda com profundidade; no meu caso, machine learning e aprendizagem humana! Fantástico, não é? Mas esse período acaba, e quando a tese “nasce”, em vez de um bebê no colo, ficamos com a sensação de ter as mãos vazias. É um parto sofrido, mas o nosso “bebê” sai direto do nosso “útero” para o mundo. O que fazer?

Haverá dias difíceis, e todos a sua volta só dirão que você deveria estar aproveitando o fim do doutorado, “que alívio”, “aproveita”, etc e tal. Mas só quem chegou ao fim de um projeto importante – de qualquer tipo, não apenas uma tese! – sabe como é louca essa gangorra do alívio-e-vazio. Aprendendo enquanto vivo essa experiência, diria o seguinte: fugir do sentimento não adianta. É super importante se dedicar a novos projetos, participar de eventos em que haja a possibilidade de compartilhar aprendizagens, seguir adiante; mas também é preciso abraçar o aparente “vazio”, e simplesmente sentir. Sentir o fim de um ciclo para que outros venham. Sentir o que aquele aprendizado representou e no que ele pode se transformar. Abraçar o novo, abraçar o desconhecido e até mesmo abraçar a dúvida: será que fiz a(s) melhor(es) escolha(s)?

Faz parte. Até porque, enquanto estivermos vivos, sempre erraremos nas escolhas e poderemos escolher de novo e de novo. E quem tiver medo dos fins de ciclo nunca poderá viver os inícios, nem os processos, nem as transformações…

Onde estão as mulheres na tecnologia?

Dia 11 de fevereiro é o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

Neste Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ressaltar a participação feminina na comunidade científica, trago esta pergunta: onde estão as mulheres na tecnologia?

Imagem: https://unsplash.com/pt-br/@cdc

Em sua conferência TED, Zoe Philpott lança luz à primeira programadora de computadores do mundo, Ada Lovelace. Ela escreveu seu primeiro programa complexo em 1843. E sabem o que aconteceu com ela? Foi cancelada. Isso mesmo! Em vez de consagrada, Lovelace foi cancelada, basicamente porque sua mãe se separou do pai, que era o controverso poeta Lord Byron. Pois é.

Ao nome de Ada Lovelace na história da programação se soma o de Grace Hopper, responsável por introduzir as palavras no mundo da programação. A importância disso? Não era mais necessário ser matemático para trabalhar com programação. Isso mudou tudo.

Aproveito para deixar um incentivo especialmente às mulheres que queiram ser programadoras: a plataforma Potência Tech, do iFood, está oferecendo cursos rápidos e bolsas para cursos completos em programação. Eu produzi alguns dos cursos que estão na plataforma, incluindo esse que conta um pouco da história do universo da programação – passando, é claro, por Ada Lovelace.

Para acessar esse curso e o conteúdo completo da plataforma, basta clicar neste link e fazer um cadastro super rápido e gratuito, se ainda não tiver feito. Aproveitem para indicar a amigos e amigas. 

https://lnkd.in/dFsZhmPF