Fale da sua pesquisa academica na Web

Por que você, pesquisador de mestrado ou de doutorado, deve estar presente nas redes sociais online?

A Web é uma das principais fontes de informação sobre ciência, tecnologia e saúde para o público não especializado. Também a Web é a principal fonte de *desinformação* sobre essas matérias.

Essa, em si, já é uma razão importante para os academicos fazerem parte do ecossistema de comunicação sobre ciência que a internet é capaz de proporcionar.

É importante, ainda, estar presente para:

– Fazer networking
– Conhecer outras temáticas e áreas de pesquisa
– Perceber onde estão os medos e receios do grande público
– Perceber como aproximar a sua investigação do cotidiano das pessoas
– Ganhar visibilidade com o seu trabalho

Para começar a estar mais presente digitalmente, três dicas que podem ser úteis:

1. Trace metas factíveis: metas complicadas demais acabam frustrando em vez de estimular – exemplo: um post por semana é muito melhor do que nenhum, mas postar todo dia pode ser uma meta difícil de alcançar num primeiro momento;

2. Planeje o dia da semana em que irá postar e produza seus posts com alguma antecedência (é interessante ter um “banco” de posts para ir usando, em vez de postar tudo de uma vez!);

3. Faça uma nuvem de palavras com os temas da sua pesquisa: ela vai te ajudar a se inspirar quando você precisar produzir um post e estiver sem imaginação.

No dia 3 de maio, estarei em Bragança, para o SciComPt – o Congresso da Rede de Comunicação de Ciência e Tecnologia de Portugal, ministrando a oficina “Usando a web para aumentar o alcance da sua investigação científica”, na programação pré-congresso, pela manhã. Junte-se a nós ou indique a alguém que você acredita que pode se interessar! Inscrições aqui neste link, com taxa reduzida até 17 de abril.


O que a minha faceta nômade digital tem a ver com a minha tese

Jardim da Sereia, Coimbra, Portugal

Estudar a aprendizagem humana e a inteligência artificial foi algo que levou a valorizar ainda mais as experiências genuinamente HUMANAS. Existe algo que é exclusivo nosso e que é a capacidade de SENTIR, de experimentar, de vivenciar na pele cada momento vivido. Conhecemos texturas, gostos, sabores, cheiros e sensaç˜ões – que podemos considerar boas ou más. Máquinas não sentem. Não experimentam nada, de fato. E esse foi um dos pontos mais importantes que explorei na minha pesquisa.

A experiência é um aspecto essencial da aprendizagem humana. Justamente porque experimentamos é que aprendemos; cada habilidade que vamos desenvolvendo fica entranhada em nós, e é sentindo que vamos conhecendo o que está no nosso entorno e adquirindo mais e mais habilidades. Percebo que gosto de me desafiar. Estar em lugares desconhecidos, com pessoas novas, fazendo coisas diferentes e até viver situações não tão confortáveis são elementos que levam a grandes aprendizagens. Acho que além de ser viciada em desafios eu sou viciada em aprender. Por isso esse meu entusiasmo tão grande por VIAJAR.

Acho interessante que a minha pesquisa de doutorado tenha me levado além do que era esperado; isto é, desenvolvi conhecimento em determinada área, sim, claro mas, mais do que isso, eu adquiri “na pele” a dimensão de como a experiência humana é que nos diferencia dos sistemas artificiais. Um tratamento especial da experiência faz parte das teses que investiguei, pertencentes ao enativismo e à cognição corporificada. Mas o toque principal foi dado pelas próprias vivências que tive enquanto fazia a minha investigação de doutorado. Elas me fizeram refletir muito e acabaram compondo o resultado final que está na minha tese.

Por que o Chat GPT não me seduz?

Ser humano é verbo, é ser, mas não é permanecer; é tornar-se, mudar, se transformar, crescer. Sabe? Ser humano é ser criativo, pensar fora da caixinha, e a gente GOSTA disso. Se o ser humano não gostasse disso tudo, como poderia ser complexo, viajar em busca de experiências, querer conhecer coisas e lugares novos e tudo o mais?

Bom, e o que isso tem a ver com Chat GPT??

A tecnologia por trás do Chat GPT possibilita que esse sistema busque, em bases de dados extensíssimas, todo tipo de “informação” e, com isso, monte os conteúdos que a nós retornam. Onde está o poder do Chat GPT? Está, justamente, na sua capacidade astronômica de buscar, nessas bases, de maneira ultra rápida, os dados, e montar os conteúdos. Ok, isso é impressionante e pode trazer consequências, como já está trazendo. Mas é importante separar as coisas. Todas as bases nas quais a ferramenta busca foram construídas por seres humanos. A novidade fica por nossa conta. Somos nós que vivemos as experiências que vão gerar aqueles textos. As PESSOAS são o que importa, em TODO o percurso.

Não me interessa ler textos sobre dicas de viagem sem saber quem escreveu. Não me interessam descobertas científicas sem saber das fontes. Não me interessa uma opinião sem referência – quem disse e quando. Gente, o Chat GPT não dá fontes, nem teria como (talvez desse uma fonte a cada palavra?). Ele não “sabe” realmente de onde tirou cada retalho de informação. Na mistura que o sistema faz, as fontes de perdem. E isso pasteuriza tudo! O conteúdo que a gente acessa se torna rico justamente pelo estilo como as pessoas escrevem, as experiências que viveram e que resultaram naquele texto ou conteúdo multimídia, as pesquisas que fizeram. Cada texto é único e especial em si mesmo, e o Chat GPT pega e junta um monte de dados e gera um texto uniforme, técnico, que nao sei quem escreveu e que propósito havia naquela escrita. Não me seduz, não adianta!

Os conteúdos que vemos no Chat GPT são uma massa disforme. Tudo o que interessa, nessa maré sem fim de conteúdo que nos inunda todos os dias, são as fontes, as origens dos conteúdos, isto é, NÓS, seres humanos! E o Chat GPT simplesmente ignora as fontes. Não “sabe” informar de onde veio aquela massaroca de texto. Imagina páginas e páginas arrancadas de livros, sem capas, index, sumário, nada, e jogadas numa caixa, misturadas. Imagina parágrafos recortados de livros, montados com parágrafos de outros livros; imagina palavrinhas recortadas de páginas de livros e coladas nas páginas de outros livros. Uma sopinha um tanto indigesta, não?

Eu acredito que o medo de que o Chat GPT nos torne obsoletos vem da falta de valorização da capacidade humana de criar, ter empatia, sonhar, se conectar com os outros; porque, se nada disso for importante, mas apenas conteúdos técnicos, pode ser que essa tecnologia seja suficiente! Mas tudo isso É ESSENCIAL, no sentido mesmo da NOSSA ESSÊNCIA. O que somos? O que significa ser humano? Sem um pouco dessa filosofia, fica fácil ter medo do Chat GPT. Mas, se nos conectarmos novamente ao que significa ser humano, a IA vai ter que se esforçar mais, gente. Nada disso me seduz, apesar de me preocupar. Por isso sigo pesquisando!

Leia este post aqui da Giselle Ferreira sobre o assunto, que “conversa” muito com o meu!

Minha “conversa” com o Chat GPT…

Os 10 mandamentos para trabalhar remotamente, viajando…

Mentira, nada de mandamentos, não mando nada, gente 😉 Mas aqui estão alguns atributos que considero fundamentais para quem quer colocar o pé na estrada com o laptop debaixo do braço (lista ongoing, sempre ganhando itens novos)…

  1. Ter disposição e abertura para o mundo
  2. Estar pronta/o para lidar com imprevistos
  3. Ter coragem para seguir a intuição
  4. Saber se cuidar física e emocionalmente
  5. Saber cuidar das finanças
  6. Ter disposição para burocracias
  7. Ter fé (nada a ver com ser religioso/a)
  8. Ter foco para trabalhar em lugares diferentes
  9. Algum desprendimento material ajuda (consumismo e nomadismo não combinam…)
  10. Um tanto de vontade de aumentar a sua dose de autoconhecimento também ajuda 😉
Praia da Figueira da Foz – Portugal, dez/2021, foto de Pedro Rosa