Conteúdo digital para a educação: uma breve reflexão

Desde 2005, quando me graduei em jornalismo, tenho trabalhado produzindo conteúdo para a Web. Passei por projetos de vários tipos, em várias empresas, com temas variados. Comecei minha carreira num site de notícias que hoje seria considerado uma espécie de startup, termo que não se usava na época. Trabalhei no British Council, na Infoglobo por quase quatro anos, fiz consultoria para a Petrobras, passei por agências digitais, trabalhei com intranet na Oi, fiz projetos para a Fundação Roberto Marinho, o Ibmec e, mais recentemente, a startup de educação Tamboro. Faço projetos para o Museu do Amanhã. Volta e meia, escrevo reportagens para o site Porvir. Entre todos os temas com os quais lidei, a educação me fisgou.

O primeiro contato que tive com a educação profissionalmente foi há 11 anos, quando escrevi uma reportagem, que ganhou dois prêmios de jornalismo, sobre déficit de atenção e hiperatividade, e com ela pude conhecer vários professores e pais de crianças que me contaram das dificuldades delas enquanto alunas, e também me revelaram o quanto a vida dos estudantes ficava mais difícil por conta da incompreensão daquele jeito “agitado e desatento” deles. Depois, trabalhei em um projeto de educação para a sustentabilidade para o British Council, onde era analista de comunicação digital. O projeto me possibilitou vivenciar diversos ambientes da educação, espaços de educação formais e não-formais, todos muito além do online – apesar de usarmos blogs, redes sociais e o site do projeto para comunicar e educar sobre meio ambiente. Frequentávamos as escolas, falávamos com os alunos, professores e coordenadores, conversávamos para entender as necessidades deles.

Na Infoglobo, coordenei O Livreiro, uma rede social voltada para apaixonados por livros. Meu primeiro trabalho foi ir à FLIP, a partir de uma narrativa que eu mesma criei e a chefe aprovou: o Mochilão do Livreiro. A ideia era mostrar a FLIP para quem era estudante, ia com pouca grana para Paraty ou já morava lá e todo ano via a FLIP acontecendo em sua cidade, mas sem atividades voltadas para jovens fora dos círculos intelectuais de debates. De mochila, mesmo, saíamos – em equipe – pela cidade distribuindo livros, promovendo ações, sentando em rodas para mostrar e-readers para crianças e adolescentes e ler livros com eles – ações offline, mas que tinham tudo a ver com a nossa rede, que era online.

Hoje, faço mestrado em educação, e sigo amando cada vez mais unir a comunicação digital à educação. Adoro produzir conteúdo digital para projetos educacionais, principalmente quando percebo que eles vão ter uma real relevância para a galera que terá acesso a eles. Mas, quanto mais digital o mundo fica, quanto mais digitais todos nós ficamos, mais eu penso o quanto nós temos que olhar para o offline, que é de onde viemos, é parte do que somos. Somos online e somos offline: tudo junto e misturado. Andy Clark, filósofo britânico que é figura central em minha pesquisa de mestrado, diz que somos ciborgues naturais, seres híbridos, porque o nosso acoplamento com as tecnologias é natural. Híbridos que somos – e eu concordo com ele – precisamos nos valer desse hibridismo, conversar, viver; fazer bom conteúdo é, afinal, ouvir as pessoas, é se enredar por narrativas, histórias, conhecer novos espaços, estar aberto a aprender, a se surpreender. Precisamos manter viva a curiosidade, e estar dispostos a cometer erros, mesmo que isso fique escancarado nas redes sociais – e daí, quem nao erra?

Na educação, para produzir bom conteúdo em meio às novas tendências tecnológicas, é isso que percebo: que não podemos perder a vontade de surpreender e de ser surpreendidos, e que não podemos esquecer que fazemos conteúdo para pessoas. Tudo o que falarmos e escrevermos terá um impacto super importante na vida delas. Cada “login” que se conecta para estudar online num ambiente virtual de aprendizagem é uma pessoa, é alguém cujo tempo dedicado aos estudos não se resume ao “time on site”; cujas dificuldades ou aptidões provavelmente não estão todas refletidas nas métricas vindas da aprendizagem adaptativa baseada em machine learning; é um aluno querendo aprender, um ser híbrido, online e offline o tempo todo, mas de carne e osso. Somos ciborgues naturais fazendo educação para ciborgues naturais. Mas o lado humano desse hibridismo não pode ser esquecido, em momento algum…!

 

Imagem: Giu Vicente @ Unsplash

Vida, ciência, tecnologia: seleção de reportagens e artigos

Vejo tanto conteúdo bacana sobre inteligência artificial, tecnologia & seus impactos, vida digital & sociedade, robótica e afins, que vou tentar manter aqui no blog um espaço para seleções (ainda não sei se semanais, mensais ou de acordo com minha disponibilidade…) de artigos e matérias voltados para o tema; assim, eu não perco os links que tanto me interessaram e ao mesmo tempo os compartilho com os amigos leitores também conectados com esse universo. Importante destacar que não necessariamente concordo com tudo (provavelmente não!), mas pretendo trazer opiniões e pontos de vista diversos, para justamente formarmos um debate. É nisso que acredito, afinal.

O reconhecimento facial abre caminho para o pesadelo de George Orwell

Tudo tem, pelo menos, dois lados. Esse artigo da seção de Inteligência Artificial do El País, na verdade uma subseção da editoria de Tecnologia do veículo, mostra como podem ser os desdobramentos advindos da tecnologia de reconhecimento facial, uma vertente da I.A. bastante promissora e que não se limita à ficção faz tempo.

CEOs should do these three things to help their workforce fully embrace AI

Este é um conteúdo patrocinado pela Accenture, publicado no site Quartz; recomendo, portanto, que seja lido criticamente, uma vez que se uma empresa bancou um conteúdo sobre o tema… ao menos devemos ser analíticos ao ver os pontos destacados, certo? Considero alguns deles bem interessantes, como o fato de que o impacto maior das máquinas no mercado de trabalho não ser provavelmente tanto na quantidade de empregos, mas no conteúdo das funções realizadas.

O que é futurismo?

Você sabe o que ;é? O termo me chamou a atenção quando trabalhei no Museu do Amanhã, onde volta e meia ouvia alguém mencioná-lo. Esse artigo do Draft, de agosto do ano passado, ajuda a entender.

A.I. Is Doing Legal Work. But It Won’t Replace Lawyers, Yet 

O artigo não é novo, foi publicado há quase um ano, mas eu só o descobri esta semana graças a um post de uma amiga no LinkedIn. Trata de como a I.A. (ao menos ainda) não vai substituir o trabalho dos advogados, mas por enquanto poderá fornecer recursos para que suas rotinas se tornam mais rápidas e eles possam focar em trabalhos mais profundos, e necessários. A reportagem menciona este artigo: Can Robots Be Lawyers? Computers, Lawyers, and the Practice of Law, de Dana Remus e Frank Levy.

O impacto do ensino da arte (ou da falta dele) na percepção do mundo

Neste artigo, também não recente – publicado no site Fronteiras em 2015 – Camille Paglia fala sobre como faz falta o ensino da arte, que segundo ela seria um importante contraponto para a sociedade essencialmente digital em que vivemos.

Imagem do post Clem Onojeghuo @ Unsplash

 

 

Uma breve introdução ao conteúdo na internet

Sou, frequentemente, questionada sobre o que é exatamente e como funciona o trabalho de fazer conteúdo para a Web – o que é ótimo, pois não só demonstra interesse das pessoas como me abre a possibilidade de esclarecer para elas, entre outras coisas, que planejar e fazer conteúdo para a internet inclui escrever, mas não se restringe a isso.

Ao pensar o conteúdo de um site, é preciso avaliar a informação como um todo, a comunicação que aquele site deseja fazer, que tipo de impressão deseja despertar nos internautas e quais as perguntas do público que ele se prestará a responder. É preciso ainda pensar em caminhos, de preferência simples, que façam sentido para se chegar ao que se deseja no site, e isso tem tudo a ver com arquitetura da informação, usabilidade e acessibilidade, três inseparáveis companheiras. De que adianta um conteúdo maravilhoso, mas que ninguém encontra? É algo que tem tão pouca utilidade quanto um site visualmente lindo, mas sem conteúdo algum.

É fundamental que se conheça o público ao qual o site se destina. Quanto mais informação sobre esse público os webwriters, arquitetos da informação, designers e programadores tiverem, mais chances eles terão de desenvolver um site que de fato atenda aos internautas que o acessarem e que lhes dê aquilo que procuram e esperam. O valor disso é inestimável, considerando que estamos numa rede que, cada vez mais, distancia os clientes do conceito de fidelidade, diante das múltiplas possibilidades de escolha com as quais eles se deparam e da facilidade de, sem custos, simplesmente mudar de URL quando bem entendem. Para conseguir destaque na Web, é preciso estar atento e saber que quem manda é o internauta.

Quando se pretende avaliar a qualidade do conteúdo desenvolvido para um site, faz-se necessário verificar se o que é apresentado ali está sendo dito de uma forma que os internautas entendem e gostam. Avaliar se o conteúdo de determinado site está bem feito e bem organizado, se os caminhos estabelecidos pela equipe são fáceis de ser compreendidos pelos usuários, se o site é eficiente é um trabalho para o qual existem os testes de usabilidade, existe o bom senso e existem as métricas, também inseparáveis companheiras dos editores de conteúdo. As análises estatísticas e a interpretação certeira desses indicadores, dentro do contexto do site e das premissas que se pretende levar em consideração ao avaliá-lo, são eficientes na condução do conteúdo e no estabelecimento de diretrizes para o que se pretende apresentar aos internautas. As métricas mostram onde o site errou, onde acertou, o que pode ser melhorado e até o que pode e deve continuar como está.

“Achismo” não tem valor na Web, e nem é necessário. Os testes de usabilidade são de grande valia para que se evite lançar um site que não seja compreendido pelos internautas, que gere dúvidas e não incentive a navegação. Com estatísticas de fácil acesso e fácil compreensão, pode-se ter certeza de que o trabalho está bem feito, de que o conteúdo está categorizado e disponibilizado de uma forma que lhe permite ser encontrado no site e tem boa aceitação entre os internautas. Pode-se observar os caminhos dos visitantes e evitar que façam uma curva na hora errada, abandonando um portal de e-commerce pouco antes de finalizarem uma compra, por exemplo, ou deixando de ler parte de um texto simplesmente porque não a encontraram. A internet é um veículo que não só facilita esse retorno como pode ser imediata ao fornecê-lo. Não se pode esquecer de aproveitar esse aspecto da Web.

 

 

Pornografia: conheça esta campanha de conscientização

Se você estiver querendo acessar um site com conteúdo pornográfico e cometer um erro de digitação da URL desse site, poderá acabar conhecendo a campanha criada pela ONG Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, em parceria com a agência brasileira Purple Cow.

A campanha foi criada para conscientizar as pessoas quanto à saúde mental e física da mulher na indústria da pornografia, algo que passa despercebido, mas que não deveria.

Isso acontece, por exemplo, se um internauta escreve www.pornaube.com. Ao fechar o vídeo que aparece, ele é direcionado para uma busca no Google pela “verdade por trás da indústria pornográfica”.

Vale conhecer a campanha e explorar alguns dos links. E compartilhar para que outras pessoas conheçam essa história, também.

Com informações do site Hypeness