Sobre esse vírus que chegou chegando, a educação a distância e… nós nisso tudo

O início deste texto vai parecer um pouco catastrófico, mas eu vou fazer a pergunta que quero fazer: onde você estava quando o mundo parou, quer dizer, quando a quarentena começou? O que estava fazendo, ou prestes a fazer? Quais eram os seus planos?

Certamente, se estava vivendo, você estava agindo e também tinha planos. Estava para realizar algo, tinha expectativas, estava à espera de alguma coisa. Tinha acabado de começar a faculdade, quem sabe um emprego novo, ou esperava conseguir um; ou tinha finalmente comprado um tênis de corrida para correr a sua primeira maratona. Havia comprado passagens para a sua lua de mel? Será que estava prestes a casar? Ou ia comemorar o aniversário com uma festa modesta, mas que reuniria os amigos principais… ou estava para estrear uma peça de teatro, ou começar a se acostumar com a ideia do filho na creche. O coronavírus não perguntou o que estávamos fazendo: ele simplesmente chegou.

E, ao chegar, encontrou o mundo como estava: vamos combinar, estava meio de pernas para o ar. Tudo andava muito acelerado. Se não tínhamos nada de novo acontecendo, a vida estava “parada” demais; sempre muitas demandas e muitas entregas para fazer, sempre muito trabalho, muita gente para atender. Ou pouco trabalho, mas também pouca grana, ou quem sabe muito trabalho e pouca grana. Tínhamos tanto a resolver. Ainda temos! Mas o planeta pediu pausa. Como é que se age em um momento de pausa? A gente não sabe muito bem. A gente não está acostumado a viver de uma forma mais devagar, de uma forma diferente, em que dar conta de tudo parece impossível. E a gente sempre se pendurou nos nossos celulares, mas agora parece que em breve vamos nos cansar de olhar para eles, uau.

Esta reflexão pode ser estendida ao ensino a distância. Como? Bom, muito antes de o coronavírus chegar, vínhamos debatendo o ensino a distância. Não só debatendo: vínhamos trabalhando a educação a distância. Alguns com mais cuidado e cautela, outros querendo endereçar a coisa de uma maneira menos crítica, o que é preocupante. Muitas eram as perguntas que vínhamos fazendo, enquanto educadores, estudantes, responsáveis pelo processo de aprendizagem, pais de alunos. Funciona? Não funciona? Dá para aprender mesmo com ensino online? Dá para acompanhar os alunos? Dá para avaliar os alunos?

Quando o vírus chegou, as perguntas estavam todas sem respostas, e assim continuam. Mas será que esta não é uma oportunidade para debatermos até mesmo as perguntas que vínhamos fazendo sobre ensinar e aprender a distância? Há tanto a ser questionado antes mesmo dessas perguntas que coloquei aí em cima. Um exemplo: no Brasil, muitos alunos não têm uma conexão de internet capaz de dar conta de assistir aulas. Poderíamos nos perguntar: e agora? Com essa conexão, como eles vão assistir aulas? Mas também poderíamos nos perguntar se é mesmo necessário manter o mesmo esquema de aulas expositivas. Por que as aulas têm que ser assim? Ou por que não têm que ser? Como podem ser? O que podemos fazer?

Puxando um fio a partir desta última pergunta, eu enfatizaria o plural que ela envolve. Se tem uma coisa que o coronavírus tem é isso, de ser coletivo: ele é de todos, não está deixando ninguém tranquilo, e não é porque estamos isolados fisicamente que podemos ou devemos ou queremos realmente nos isolar. A situação pede coletividade, ação em rede; exige que se pense no comum. Será que sabemos fazer isso? De verdade?

Certamente, se é para agirmos de maneira conjunta, não se pode esperar que um professor que ainda não tinha se familiarizado com as tecnologias digitais, seja pelo motivo que for (muitos apenas deram aulas presenciais em sua vida até hoje…), de repente se acostume com elas e consiga trazer soluções mirabolantes. Não se pode esperar que todos os problemas de conexão sejam resolvidos da noite para o dia. Ou que questões ligadas ao chamado letramento digital façam PLUFT! e simplesmente sejam todas acertadas, equilibradas. Não se pode esperar que alunos fiquem todos tranquilos, como se nada estivesse acontecendo, e nem que consigam dar conta de estudar de uma forma mais independente de repente, se nunca antes o fizeram; que consigam se concentrar mesmo em meio aos irmãos menores brincando ou porque têm que cuidar deles, e nem vou repetir a questão da qualidade da internet. Não adianta tampouco esperar que pais consigam ser necessariamente bons em homeoffice e em apoiar o homeschooling ao mesmo tempo. Tudo isso seria fazer mágica, não viver; seria ir contra o tempo de uma maneira que não podemos ir, pois, até que se prove o contrário, o vírus fez a gente diminuir o ritmo, e não aumentar. Então, o que não estava resolvido antes, não será resolvido de repente.

O que é que dá para fazer agora, seja você educador, responsável ou estudante (muitas vezes somos os três ao mesmo tempo)?

Já dei minha opinião sobre isso ali no alto, quando falei em coletividade: se tem uma única coisa que vai ter que mudar mais rápido é a nossa capacidade de avaliar o que conseguimos fazer, no caos, para colaborar. Se nada pudermos fazer, que ao menos não saiamos responsabilizando um lado só por uma coisa que envolve uma série de fatores em rede e uma coletividade. Vamos também respeitar quem está na educação há muito tempo e tem se empenhado constantemente para estudar e implementar caminhos? Essa também é uma atitude sensata!

Ficar revoltado porque a escola dos filhos não adotou aquela plataforma de inteligência artificial até hoje não vai adiantar nada; aliás, se quer um conselho de quem pesquisa o assunto, não temos comprovação de que isso funcione. Não vai adiantar nada também reclamar que cada professor do seu filho está agindo de um jeito x ou y: acredite, cada um está tentando fazer o melhor que pode, na velocidade que pode e com a criatividade e os recursos de que dispõe. Há trocas de ideia acontecendo e aulas e o vírus, e a vida rolando, tudo junto. Não está sendo assim com cada um de nós, afinal? Não estamos todos tentando reorganizar nosso tempo, nossas demandas? Também não adianta querer virar super mãe ou super pai, mais ainda do que já quer normalmente, e tudo bem não saber muito como lidar com a questão de os filhos estarem em casa e você também, cada um com sua lista de tarefas. Tudo bem não saber lidar com o que é novo, e aliás mesmo o que já não era novo como a educação a distância agora exige nova reflexão porque o contexto mudou!

E sim, é possível refletir e agir. Paralelamente. Ta aí uma coisa que o corona está ensinando.

É improdutivo ficarmos olhando para o que não podemos fazer. Coisa mais chata e frustrante é isso. Então, por que não olhar para o que podemos fazer? Podemos trabalhar nossa paciência, nossa calma. Podemos trabalhar nossa capacidade de agir juntos. Podemos ampliar a capacidade de ouvir, de nos abrir às ideias das outras pessoas. Repensar práticas, medos, preconceitos, por que não? Se tínhamos algo a perder, agora não temos nada, nadinha nesse sentido. É mergulho e ação; calma, mas não passividade. Podemos olhar para o nosso comportamento: será que podemos ser mais ativos? Mais atentos, mais curiosos, mais independentes? Podemos ajudar alguém? Sabemos pedir ajuda? Sim, é importante saber pedir ajuda! Se você é aluno, e eu considero que todos somos em algum sentido, pense que isso não tem a ver com aprendizagem ser a distância ou não: em todo processo de aprendizagem, sempre existem maneiras de o aluno ir se tornando mais independente e mais engajado. E também vale ser paciente para esperar ser ajudado; às vezes, a pessoa que vai te ajudar está também se preparando e já vai te responder. Somos os mais impacientes para receber respostas às nossas mensagens e aos nossos anseios, resolver os nossos problemas! E a quarentena ninguém nem sabe quando vai acabar, então… uau, que teste!

Porém, esta reflexão não será útil apenas para agora, mas para quando voltarmos à “normalidade”, que talvez nunca seja exatamente a mesma de antes. Tomara que não seja. Tomara que voltemos, claro, a nos encontrar e possamos ter encontros presenciais, o que desejo muito, pois não acredito que a educação a distância virá a substituir a “tradicional” – até por razões em parte parecidas com aquelas pelas quais não queremos só falar com nossos amigos e nossa família por vídeo (já estamos até meio cansados e foram-se apenas alguns dias). Os educadores, e nesse grupo me incluo, têm muito o que pensar e repensar sobre educação, educação a distância e a nossa postura diante de tudo isso. A distância na educação, aliás, demanda importante reflexão, seja na modalidade presencial ou online, que no fundo são dois lados de uma mesma moeda (post sobre isso aqui). E nós temos pensado e agido. E vamos seguir com nossos debates, nossas reflexões.

Antes que você diga algo como “poxa, mas a educação a distância está aí há tanto tempo, buscando uma solução, até hoje não encontraram?” lembre-se: não se trata de haver uma solução. A educação demanda perspectivas e caminhos, não uma única solução. Daí uma característica, aliás, das Humanidades; não somos de uma solução racional, única, que vai dar certo como A mais B. Entendemos que a educação envolve muitas questões, muitos problemas e diversas oportunidades. Geralmente, quem trabalha com educação trabalha muito e gosta muito do que faz, mas justamente por isso resiste a respostas pré-fabricadas e coelhos saindo de cartolas: quanto mais experiente o educador, mais ele sabe que isso não existe, aliás.

Temos um novo ingrediente: o senso de urgência em que a situação nos colocou. Mas não é com desespero, impaciência, cobranças absurdas e falta de sensibilidade que vamos chegar a algum lugar. Tudo indica que é com empatia, criatividade, compartilhamento e muito trabalho duro, e em conjunto. Quando algo assim chega… bom, não dá para vir com frases feitas, pois é a primeira vez que enfrentamos algo assim. As respostas que havíamos encontrado talvez tenham mudado, mas não é todo dia que as respostas mudam porque as perguntas também mudaram. Que excelente oportunidade temos nas mãos.

Imagem do post: Sharon McCutcheon @ Unsplash

Um robô para apoiar crianças autistas

O autismo afeta a forma como uma pessoa se comunica, compreende e se relaciona com outras. Pessoas com autismo frequentemente têm dificuldade de usar e entender linguagem não verbal. Com isso em mente, surgiu o projeto DE-ENIGMA, que foca em desenvolver as capacidades de reconhecer e de expressar emoções em crianças com autismo.

(Mais em http://de-enigma.eu/)

O neurocientista António Damásio defende que sentimentos e emoções são diferentes; segundo o pesquisador, as emoções são externas, são aquilo que se lê nas outras pessoas, enquanto os sentimentos são internos. Não há, portanto, consciência sem sentimentos, nem sentimentos sem consciência. E um robô, então, poderia simular emoções, mas nunca teria sentimentos.

O professor é substituível pelas tecnologias digitais?

A pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção, promovida pelo Porvir entre os anos de 2017 e 2018, coletou dados entre quase 20 mil jovens de 11 a 21 anos e constatou que “o melhor da escola é o professor“. Texto do Porvir sobre o assunto diz que:

“Na plataforma, os participantes foram convidados a dizer como é a sua escola atual ou a última em que estudaram e como eles gostariam que ela fosse. Ao avaliar 11 aspectos da instituição de ensino, em uma escala de 1 (Tá tenso) a 5 (Tá tranquilo, tá favorável), as maiores notas foram para o professores (3.9), seguidos pelas aulas e matérias (3.8). Entre os últimos itens, aparece o uso de tecnologia (2.7) e as atividades extraclasse (2.9)”.

Que o professor faz toda diferença na vida do aluno não é exatamente novidade. No Brasil, com toda a precariedade do ensino público, ameaçado ainda mais no governo atual, temos professores premiados (veja também este link) e sabemos que, em muita escola onde falta luz, água, merenda e tudo o que se pode imaginar, não raro sobra dedicação de boa parte dos docentes para que os alunos continuem aprendendo.

Mas a questão de a tecnologia aparecer como um dos últimos itens na pesquisa do Porvir, somada a outra notícia recente, é o que impulsiona esta minha reflexão aqui. Apesar de a cada dia ficar mais claro que a presença do professor é insubstituível e que não há tecnologia que dê conta de atuar no lugar dele (muito pelo contrário), existe uma certa tendência a enaltecer as possibilidades de que essa substituição aconteça.

O empreendedor Elon Musk recentemente premiou com U$ 10 milhões duas startups de tecnologias educacionais (as chamadas edtechs) capazes de “substituir” professores por meio do uso da tecnologia. Uma delas foi a onebillion e a outra foi a KitKitSchool. O site Business Insider diz que “launched in 2014, the competition was set up to empower children to take control of their learning. It challenged innovators around the world to create technology that would enable children to teach themselves basic reading, writing, and arithmetic within 15 months”. A competição como um todo me parece equivocada por promover “substituição” em vez de soma, mas este trecho me pareceu ser uma coleção de equívocos ainda maior. “Empoderar” crianças quanto ao “controle de seu aprendizado”? Leitura, escrita e aritmética básicas em 15 meses? Estimular gente inovadora a pensar em tecnologias que, de algum modo, promovem o descarte do professor?

A questão é: o que ganhamos com isso?

Afinal, é para isso mesmo que devemos trabalhar nossas tecnologias? Para substituir o professor, ou para fazer as pessoas pensarem que essa substituição é possível? E o que seria esse “professor”, tão facilmente substituível nessa concepção? Seria um mero transmissor de conteúdos “básicos”?

E mais: crianças “empoderadas” são crianças que têm “poder” e “controle” sua própria aprendizagem?

Não quero tirar o mérito de tecnologias que possam ajudar mais pessoas a aprender a ler e a escrever, de forma alguma. Também não sei ainda como em áreas remotas, pobres e com deficiências de tudo, crianças poderão ter acesso a aplicativos com tais recursos, a não ser aquelas selecionadas para a pesquisa empírica; porém, se tiverem, jamais serei contra; trata-se da importante questão da democratização da tecnologia digital. O ponto em que sempre insisto é o da substituição: é nela que devemos focar, quando falamos de tecnologias educacionais?

A responsabilidade da mídia

Talvez nós, jornalistas, sejamos grandes responsáveis por contribuir para a construção de conceitos equivocados nesse sentido. Afinal, a manchete “Elon Musk awards $10 million prize to 2 startups replacing teachers with tech” ficou a cargo do Business Insider; no site do XPrize, promovido pelo Musk, não se vende a coisa como substituição, ao menos nao num primeiro momento. O site diz “Empowering children to take control of their own learning”. Isso, sem a questão da substituição do professor, pode tomar ares bem diferentes.

Sem dúvida, há muitos fatores envolvidos nessa reflexão, e de indubitável há o fato de que sim, a educação e a tecnologia devem ser para todos. Mas parece estar havendo uma confusão bastante significativa quanto a esse ponto da substituição do professor pelas tecnologias, ainda mais com a popularização da inteligência artificial. Mesmo já tendo muito com o que nos preocupar no Brasil em termos de educação, precisamos ficar atentos a mais esse aspecto, que na realidade relaciona-se com a questão mais profunda e anterior da relação humana com as tecnologias digitais: para onde estamos caminhando? Quais os impactos dessa relação? O que esperamos dela? No que ela nos transforma?

Vale a reflexão.

Terminei meu mestrado… e aqui estão algumas reflexões

Acabei de concluir meu mestrado em Educação, na PUC do Rio de Janeiro. Estive pensando em algumas coisas que acho que valem ser compartilhadas, sobre esses dois anos que me exigiram intensa dedicação e trouxeram muito aprendizado. Este post é para isso.

  1. Mestrado não é “bolinho”. Não é bolinho no sentido de ser fácil, e também não é bolinho no sentido de não ter uma receita de bolo única. Cada experiência de mestrado é uma, é única, e cada um vai buscar a experiência que melhor se relaciona com suas expectativas, desejos e realidades. Mas é importante saber que, para ser uma experiência bacana e valiosa, é fundamental se dedicar, estudar, ir atrás, e ter tempo para estudar. Não dá para fazer o mestrado nos espacinhos livres da agenda, estudar nas horas vagas. Ou melhor, até deve dar, mas eu não consigo ver esse “método” trazendo um resultado realmente satisfatório e significativo.
  2. O “encontro” com o orientador é essencial. Esta frase também tem pelo menos dois significados: o primeiro – é importante que orientador e orientando se deem bem, consigam trocar boas ideias, que o orientador entenda as expectativas do orientando com a pesquisa, e que o orientando ouça o orientador, esteja aberto a ele e à experiência que acumula. O segundo – que é essencial encontrar o orientador com frequência, compartilhar suas dúvidas, descobertas e o processo de construção do trabalho com ele.
  3. Ter colegas que te apoiam é essencial, também. O processo – de pesquisa, de interpretação de conceitos, de escrita – pode ser exaustivo, e por isso é importante compartilhar aflições com alguns amigos, de preferência que estejam passando pelo mesmo momento que você, fazendo um mestrado ou doutorado. Outros amigos poderão ser super ótimos em te apoiar, também, mas provavelmente será melhor tomar um chopp com eles do que falar sobre questões e dificuldades específicas do trabalho acadêmico, a não ser que eles também já tenham passado por isso.
  4. Sua família não vai te entender o tempo todo. É, quando você deixar de ir ao aniversário da sua prima porque tem que finalizar um artigo ou à festinha do seu sobrinho porque está estudando, nem todo mundo vai entender. Alguns parentes acharão que você exagera, estuda demais, e questionarão aonde isso vai te levar. Ninguém melhor que você para saber aonde quer chegar, e essa meta deve estar com você o tempo todo, para não te deixar desistir. E sim, nós abrimos mão de muitas coisas para estudar. Muitas vezes, estamos concentrados e nao queremos ser interrompidos; é bastante difícil para quem não está vivendo o mesmo entender isso! Mas, temos que insistir, explicar… e saber que mesmo assim haverá quem não compreende.
  5. Seu casamento ou namoro poderá entrar em crise. Este é um ponto bastante delicado e que merece atenção. Se você tem marido/esposa/companheiro/companheira ele/ela continuará esperando que você tenha um tempo para ele/ela durante o seu mestrado. E a gente tem que dar um jeito de ter esse tempo, o que não é sempre fácil. No meu caso, fiquei tão envolvida com minha pesquisa que muitas vezes não queria parar de ler ou escrever, o que me causou uma certa crise no meu relacionamento, mas ela foi contornada e passou, rs, ufa. Tive dificuldade em dividir meu tempo entre estudar, escrever e sair, estar com meu marido e com as pessoas em geral. Mas não me arrependo; precisei de tempo para dominar um pouco mais o assunto da minha dissertacão até me sentir mais confortável com ele (era um assunto totalmente novo para mim), e durante esse tempo me isolei legal, estudava muito, muito mesmo. E ele acabou entendendo também que valeu muito a pena.
  6. É preciso se preparar financeiramente. Bom, mestrado consome muito tempo. Então, se você trabalha por conta própria, talvez tenha que reduzir seu ritmo para dar conta de estudar, o que poderá impactar também em uma redução de ganhos. Se você tirar licença não-remunerada, precisará se programar para os gastos que terá naquele período. O mesmo vale caso vá ficar sem trabalhar para se dedicar ao mestrado. É preciso ter em mente que as contas não param de chegar, mas também reservar uma graninha para livros (no meu caso, os livros que usei eram caros e vieram todos do exterior, e meu orientador me ajudou demais com isso, me emprestando vários; colegas do grupo de pesquisa também), idas a eventos para apresentar trabalhos etc. Bolsas ajudam demais, demais mesmo e sou grata à que tive, da CAPES; sem ela não teria conseguido. O problema é que as bolsas aqui no Brasil não dão conta de pagar as despesas totais de quem mora em cidades como o Rio de Janeiro…
  7.  É preciso cuidar para não engordar. Quase todos os meus amigos que fizeram mestrado e doutorado engordaram bastante no período em que estavam estudando, justamente por ficarem muito tempo sentados, o que, relatam, os fazia beliscar toda hora. Eu não tenho o hábito de beliscar e sou bem chata com minha alimentação, o que pode ter me ajudado a manter o peso durante o processo. Também aprendi a fazer almoços saudáveis hiper rápidos, por pura necessidade; não que eu não goste de cozinhar, mas ter que cozinhar seu almoço todos os dias, obrigatoriamente, pode ser um bocado maçante. Aí você acaba recorrendo ao macarrão, a alguma besteira.. e engorda. Então, achei muito bom aprender a fazer comidas rápidas e que ajudavam na dieta. Manter uma rotina mínima de exercícios também ajudou, claro. Lembre-se também de beber água, bastante água.
  8. Não podemos nos afastar de nosso trabalho por muito tempo. Uma coisa que achei fundamental durante o processo de escrita da dissertação foi isso: eu não podia me afastar do texto por mais de dois dias, caso contrário quando retornasse demorava a me reconectar com o trabalho e perdia muito tempo nisso. Às vezes a gente se afasta não por procrastinação, mas porque tem outros afazeres (e eu não tenho filhos; admiro demais quem os tem e ainda assim consegue estudar!). Então, acho que vale a dica de não deixar de olhar para a dissertação um pouquinho todo dia; pode ser um pouquinho só mesmo, mas acho que vale muito não deixar de fazer isso para não perder a conexão com o trabalho. Eu também procurava ler algo relacionado à pesquisa todo dia, mesmo que fosse final de semana e coisas do tipo.
  9. Temos que nos afastar do nosso trabalho às vezes. Isso também é verdade: saber a hora de descansar, deixando o trabalho de lado um pouco, para quando voltar a ele estar com a cabeça fresca e conseguir sair-se bem, render bem. Você saberá a hora de descansar, o importante é respeitá-la.
  10. O trabalho estará sempre com a gente. Estou passando este carnaval depois de ter defendido, e me lembrando o tempo todo de todos os feriados que passei com mil leituras na cabeça, escrevendo, estudando etc; mesmo quando não estava fazendo nada disso, eu estava escrevendo e estudando mentalmente. O trabalho nunca sai da gente; minha terapeuta compara o processo de produção de uma dissertação ou tese com uma gestação: enquanto estamos com o trabalho “na barriga”, onde quer que vamos e o que quer que fazemos estamos com o trabalho junto da gente!
  11. Valorize o que você fez. Cuidado com as crises do tipo “putz, meu trabalho não tá bom, que porcaria” etc. Em pessoas ansiosas, é comum às vésperas de uma entrega de trabalho começar a achar que ele está ruim, péssimo etc. Cuidado. Você se dedicou, e sabe que se dedicou? Então, confie nisso. E tenha em mente que não existe dissertação nem tese perfeita, existe dissertação e tese defendida! Li isso em algum post do incrível blog da professora Karina Kuschnir, se não conhece visite-o: https://karinakuschnir.wordpress.com/
  12. Se estiver ficando ansioso/a ou estressado/a demais, procure ajuda. É muito comum estudantes de pós-graduação passarem por grandes problemas psicológicos, e é preciso estar atento a isso e acender a luz amarela quando a coisa complicar. Procurar terapia, aceitar que precisa de ajuda é essencial para a sua saúde mental. Cuide-se, em todos os sentidos. Conheça-se: autoconhecimento é tudo nesta vida. Precisamos dele para nos entender melhor, para saber quando estamos bem e quando não estamos. Mas precisamos também não ser orgulhosos demais a ponto de não pedir ajuda quando ela é imprescindível!
  13. Aproveite o processo. Mesmo que eu tenha passado por momentos em que pensei em desistir, momentos em que ainda não sabia bem qual pesquisa faria, momentos de aflição, de cansaço etc, posso dizer que meu mestrado foi muito prazeroso. Foram dois anos excelente da minha vida, em que aprendi muito, convivi com excelentes colegas, cresci pessoal e profissionalmente, ganhei amigos muito bacanas e me realizei de maneiras diferentes, muito bacanas. Creio que pode ser um período muito rico, até mesmo porque experiência boa não é aquela que é tranquila e positiva o tempo todo, mas aquela em que vamos superando obstáculos, crescendo junto com o desenrolar da história… pelo menos é nisso que acredito.

É preciso reduzir a distância da educação a distância

A educação a distância é capaz de gerar muitas oportunidades e abrir um sem-número de possibilidades. É uma modalidade que tem muito a crescer. No entanto, considero essencial que tenhamos um posicionamento crítico e reflexivo em relação ao uso das tecnologias digitais na educação, de um modo geral, incluindo-se aí a EaD.

A ideia da “distância” na EaD me incomoda, em um certo sentido; penso que devemos reduzir a distância da educação a distância, digamos assim. É importante nos preocuparmos para que, no espaço virtual da educação a distância baseada em tecnologias, não desapareçam as subjetividades, as particularidades de cada aluno e de cada professor. Cada um que participa do processo de ensino-aprendizagem carrega um olhar, uma série de experiências, muitas expectativas, ansiedades, filosofias. E isso tem um valor enorme para que aconteça uma educação humanizada, inclusiva e rica em vários sentidos.

Quando o ensino é presencial, essas subjetividades naturalmente aparecem, pois alunos e professores levam os seus corpos, a sua presença física para o ambiente de aprendizagem. Já a experiência restrita ao online, na modalidade a distância, envolve o risco de separar o sujeito de seu corpo – o qual é parte essencial do conjunto cognitivo de um indivíduo, apesar de às vezes isso ser esquecido (vide as reportagens sobre como O CÉREBRO aprende, O CÉREBRO se emociona, mas… o cérebro não está sozinho nessa…! É o corpo todo que vai junto com ele!).

Se há apenas o ambiente online para a aprendizagem, essas especificidades ficam escondidas, prejudicadas pela pasteurização que tantas vezes emerge da redução de indivíduos a logins. Especialmente quando se trata de um processo voltado para uma educação para a vida, ou seja, para a formação dos estudantes de um modo amplo, creio que isso pode ser bastante prejudicial. Talvez seja menos danoso no caso do ensino de uma habilidade mais focada na técnica, na aplicação imediata.

Soma, e não substituição

Diante disso, o caminho que me parece mais interessante para somarmos as potencialidades das tecnologias com a manutenção dessas importantes trocas de experiências é o da união de experiências online com experiências offline, sejam aulas, palestras, encontros, treinamentos, enfim.

Para diminuir a distância da educação a distância, também creio ser preciso oferecer apoio e incentivo ao aluno, de forma permanente. Estudar a distância, afinal, sempre exige uma dose maior de disciplina, organização, concentração e capacidade de priorização por parte do estudante. Ajudá-lo a evoluir com relação a essa organização e planejamento pode, então, contribuir para manter esse aluno interessado, confiante e motivado.

A motivação pode ser ainda maior quando o estudante encontra um ambiente virtual de aprendizagem intuitivo, que funcione bem, e ao mesmo tempo seja acolhedor; quando, nessa experiência virtual, ele encontra ferramentas bacanas e um conteúdo ao mesmo tempo envolvente, bem apresentado, claro e objetivo. E esse esforço de colaborar com a experiência do aluno e de apoiá-lo em sua aprendizagem a distância tem como pilar fundamental justamente o conhecimento que se tem desses alunos, que vem da convivência presencial com eles. Então, o online e offline retroalimentam-se. Um não deve substituir o outro.

O potencial das tecnologias digitais na educação a distância não é de substituição das capacidades humanas, mas de ampliação dessas capacidades. 

As iniciativas já existentes no sentido da união entre educação e tecnologias – cursos online, e-books e outros materiais digitais, ambientes virtuais de aprendizagem, o uso do machine learning em plataformas adaptativas, a gamificação de plataformas etc – têm sido essenciais para consolidar essa parceria entre educação e tecnologias digitais.

No entanto, educação e tecnologias podem ser aliadas mais fortes ainda se, por exemplo, conseguirmos minimizar dificuldades relacionadas à democratização do acesso à educação, utilizando as tecnologias digitais para isso. Não devemos perder de vista que essas tecnologias podem, ao mesmo tempo, contribuir para essa democratização ou causar mais problemas nesse sentido, uma vez que, se elas ampliam as possibilidades de aprendizagem e acesso à informação, isso precisa idealmente ser para todos, não apenas para alguns – caso contrário, a defasagem entre quem tem o acesso e quem não tem será ainda maior.

Acredito que a principal forma de aumentar e tornar mais eficaz ainda essa relação entre a educação e as tecnologias, de modo geral, é conhecendo as implicações das tecnologias digitais a nossa sociedade, analisando os seus impactos, de forma profunda. Por exemplo, precisamos pensar na nossa relação com a inteligência artificial.

Há um enorme medo de que os robôs nos substituam, mas será que é por aí?

Em alguns casos, máquinas trabalharem por nós não parece ser um problema, pelo contrário, já que robôs e sistemas podem desempenhar certas tarefas de um modo até mais eficiente que humanos, sim – podem fazer inúmeros cálculos em pouco tempo, apenas para citar uma das situações. Mas, há outros casos, aqueles que envolvem as experiências nas quais não podemos prescindir da nossa relação direta com o mundo, com as outras pessoas, que representam algo único, algo que nos ajuda a crescer; esses casos não podem ser protagonizados ou pautados por algoritmos e robôs.

Algoritmos não podem resumir ou restringir as nossas experiências, e robôs não podem ter experiências como nós temos, e que são imprescindíveis para o nosso crescimento. Erramos, acertamos, sofremos, comemoramos, tentamos de novo: isso é humano. Criamos, testamos, compartilhamos com os outros o que pensamos: isso é humano.

Muito do medo das tecnologias, acredito, vem do receio da perda de espaço, vem do medo de que as máquinas nos tornem obsoletos. Na verdade, devemos pensar em ampliação, parceria, novas possibilidades para quem aprende e para quem ensina.

Participei do evento do Ismart no Rio e foi emocionante!

Trabalhar com educação é ensinar? Sim, mas antes de tudo é topar aprender muito, o tempo todo. E isso é sensacional.

Num sábado, dia primeiro de dezembro, foi dia de estar com a galera incrível do Ismart, estudantes super empenhados, guerreiros, que topam desafios e não desistem de seus sonhos grandes, até porque, como eles mesmos sabem e dizem, sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno 

Tem sido maravilhoso trabalhar com o Ismart Online, e terminar o ano participando da banca que avaliou os trabalhos deles, no evento de encerramento do ano, no Rio, foi demais!

Com tantas histórias inspiradoras, projetos tão criativos, com tanto carisma, alegria e orgulho, no fim eu que aprendi um monte com eles. Fiquei mega, mega feliz de participar. Essas coisas fazem a vida valer.

Saiba mais sobre o Ismart no site deles.

Divulgue o Ismart para jovens, pais e professores! É uma oportunidade maravilhosa.

Materialidades Digitais

Normalmente, quando pensamos em um livro de papel versus um livro digital, pensamos na materialidade desses artefatos: um livro impresso nós podemos manusear, passamos as páginas, sentimos seu cheiro etc. No caso de um livro digital, o qual lemos por meio de um e-reader, no computador, num tablet ou no smartphone, perdem-se essas experiências. O conteúdo digital não é material. Será mesmo?

Hoje, aqui na Universidade de Coimbra, onde estou realizando um período de investigação, assisti a uma palestra, ministrada por Serge Bouchardon, que desafia essa premissa. Ele levou o público a pensar sobre como a mídia digital proporciona ainda mais manipulação do que a mídia física, e isso se dá porque, no caso do online, o próprio conteúdo pode ser manipulável.

Desse modo, é como se os livros físicos tivessem uma certa materialidade e os digitais, outro tipo de materialidade. 

Há todo um gestual que é inerente às mídias digitais; desde quando teclamos no computador até quando usamos o mouse ou deslizamos o dedo na tela de um celular. E por que fazemos isso? Para manipular o conteúdo que ali está. Segundo Bouchardon, que atua também na área de mídias digitais na educação, a compreensão dessa gama de gestos ligada ao mundo digital deve ser parte da alfabetização digital.

Para experimentarmos tais ideias de forma prática, o pesquisador apresentou alguns de seus projetos, como o Loss of Grasp – que mistura arte, design, poesia, literatura e recursos digitais de uma maneira interessantíssima. Em quais circunstâncias nós perdemos o controle sobre nossas vidas? É sobre isso que o projeto nos leva a pensar, por meio de uma viagem pela materialidade digital: clicamos sobre as frases, e elas se movem; luzes coloridas nos dão a sensação da vida nos escapando ao controle; em breve perdemos o rumo do cursor e não sabemos por onde anda o mouse de nosso computador.

Quando a palestra foi aberta a perguntas, questionei o professor a respeito de como podemos ter mais sensações materiais com livros que lemos em e-readers (que, na minha opinião, são práticos, mas sem graça em termos de experiências que envolvem a manipulação física). E ele nos disse que os designers deverão resolver isso com sua criatividade 😉

Em tempo: a Universidade de Coimbra tem um doutoramento inteiro dedicado às materialidades na literatura; os alunos são designers, egressos da licenciatura de letras e de outras áreas; fica aqui o link para quem quiser conhecer.

Há ainda outras experiências indicadas por Bouchardon:

http://bram.org/toucher//index.htm

https://bouchard.pers.utc.fr/storyface/

Imagem do post: Julius Drost @ Unsplash

 

 

Conteúdo digital para a educação: uma breve reflexão

Desde 2005, quando me graduei em jornalismo, tenho trabalhado produzindo conteúdo para a Web. Passei por projetos de vários tipos, em várias empresas, com temas variados. Comecei minha carreira num site de notícias que hoje seria considerado uma espécie de startup, termo que não se usava na época. Trabalhei no British Council, na Infoglobo por quase quatro anos, fiz consultoria para a Petrobras, passei por agências digitais, trabalhei com intranet na Oi, fiz projetos para a Fundação Roberto Marinho, o Ibmec e, mais recentemente, a startup de educação Tamboro. Faço projetos para o Museu do Amanhã. Volta e meia, escrevo reportagens para o site Porvir. Entre todos os temas com os quais lidei, a educação me fisgou.

O primeiro contato que tive com a educação profissionalmente foi há 11 anos, quando escrevi uma reportagem, que ganhou dois prêmios de jornalismo, sobre déficit de atenção e hiperatividade, e com ela pude conhecer vários professores e pais de crianças que me contaram das dificuldades delas enquanto alunas, e também me revelaram o quanto a vida dos estudantes ficava mais difícil por conta da incompreensão daquele jeito “agitado e desatento” deles. Depois, trabalhei em um projeto de educação para a sustentabilidade para o British Council, onde era analista de comunicação digital. O projeto me possibilitou vivenciar diversos ambientes da educação, espaços de educação formais e não-formais, todos muito além do online – apesar de usarmos blogs, redes sociais e o site do projeto para comunicar e educar sobre meio ambiente. Frequentávamos as escolas, falávamos com os alunos, professores e coordenadores, conversávamos para entender as necessidades deles.

Na Infoglobo, coordenei O Livreiro, uma rede social voltada para apaixonados por livros. Meu primeiro trabalho foi ir à FLIP, a partir de uma narrativa que eu mesma criei e a chefe aprovou: o Mochilão do Livreiro. A ideia era mostrar a FLIP para quem era estudante, ia com pouca grana para Paraty ou já morava lá e todo ano via a FLIP acontecendo em sua cidade, mas sem atividades voltadas para jovens fora dos círculos intelectuais de debates. De mochila, mesmo, saíamos – em equipe – pela cidade distribuindo livros, promovendo ações, sentando em rodas para mostrar e-readers para crianças e adolescentes e ler livros com eles – ações offline, mas que tinham tudo a ver com a nossa rede, que era online.

Hoje, faço mestrado em educação, e sigo amando cada vez mais unir a comunicação digital à educação. Adoro produzir conteúdo digital para projetos educacionais, principalmente quando percebo que eles vão ter uma real relevância para a galera que terá acesso a eles. Mas, quanto mais digital o mundo fica, quanto mais digitais todos nós ficamos, mais eu penso o quanto nós temos que olhar para o offline, que é de onde viemos, é parte do que somos. Somos online e somos offline: tudo junto e misturado. Andy Clark, filósofo britânico que é figura central em minha pesquisa de mestrado, diz que somos ciborgues naturais, seres híbridos, porque o nosso acoplamento com as tecnologias é natural. Híbridos que somos – e eu concordo com ele – precisamos nos valer desse hibridismo, conversar, viver; fazer bom conteúdo é, afinal, ouvir as pessoas, é se enredar por narrativas, histórias, conhecer novos espaços, estar aberto a aprender, a se surpreender. Precisamos manter viva a curiosidade, e estar dispostos a cometer erros, mesmo que isso fique escancarado nas redes sociais – e daí, quem nao erra?

Na educação, para produzir bom conteúdo em meio às novas tendências tecnológicas, é isso que percebo: que não podemos perder a vontade de surpreender e de ser surpreendidos, e que não podemos esquecer que fazemos conteúdo para pessoas. Tudo o que falarmos e escrevermos terá um impacto super importante na vida delas. Cada “login” que se conecta para estudar online num ambiente virtual de aprendizagem é uma pessoa, é alguém cujo tempo dedicado aos estudos não se resume ao “time on site”; cujas dificuldades ou aptidões provavelmente não estão todas refletidas nas métricas vindas da aprendizagem adaptativa baseada em machine learning; é um aluno querendo aprender, um ser híbrido, online e offline o tempo todo, mas de carne e osso. Somos ciborgues naturais fazendo educação para ciborgues naturais. Mas o lado humano desse hibridismo não pode ser esquecido, em momento algum…!

 

Imagem: Giu Vicente @ Unsplash

Conheça o Pint of Science

O mundo da ciência é fascinante e cheio de mistérios. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, esse não é (ou não deveria ser) um universo exclusivo de cientistas, laboratórios e pesquisas acadêmicas. A função principal da ciência é contribuir para que a vida de todo mundo seja melhor. Então, se a ciência interessa a todos, ela deve ser acessível a todos…

É claro que muitas vezes é difícil entender de forma completa o trabalho acadêmico de determinados pesquisadores, o que é perfeitamente natural quando não se tem domínio de determinada área – e, claro, não se pode dominar todas as áreas. No entanto, existem formas bastante interessantes de trabalhar para tornar a ciência mais acessível a todas as pessoas, independente de suas trajetórias pessoais e profissionais. Eu tenho me interessado bastante por essas iniciativas, especialmente depois que ingressei no mestrado e comecei a viver intensamente o mundo acadêmico.

Foi então que me deparei com o festival Pint of Science, que começa esta segunda, dia 14 de maio, e vai até quarta, dia 16. Eu Não conhecia, mas o projeto já está em sua terceira edição no Brasil! Debates informais em torno da ciência, acompanhados de cerveja ou que cada um quiser beber, acontecerão em  vários lugares, em 56 cidades do país. A programação pode ser vista aqui. Mas por que essa sugestão de beber cerveja enquanto se conversa sobre ciência? Bem, quem já foi a um pub, mesmo no Brasil, sabe que pint é um copo que tem uma certa medida, no qual frequentemente são servidas bebidas alcoólicas e, particularmente, cerveja.

Imagem do site do Pint of Science Brasil

Origem do Pint of Science

O projeto Pint of Science começou com dois pesquisadores da Imperial College, de Londres (universidade na qual, coincidentemente, fiz um curso em 2008, que foi incrível; fiquei feliz quando soube que a ideia surgiu lá!). Segundo o site do projeto, em 2012 os pesquisadores Michael Motskin e Praveen Paul, da Imperial, organizaram um evento chamado Encontro com Pesquisadores, no qual pessoas com Alzheimer, Parkinson, doenças neuromusculares e esclerose múltipla foram convidadas a conhecer os laboratórios dos cientistas e o tipo de pesquisa que eles faziam. “A experiência foi tão inspiradora que a dupla decidiu propor um evento em que os pesquisadores pudessem sair das universidades e institutos de pesquisa para conversar diretamente com as pessoas e assim, em maio de 2013, surgiu o Pint of Science”, conta o site.

Para saber mais e checar a programação na sua cidade, acesse http://pintofscience.com.br

Vejo vocês lá!

Imagem do post: NASA @ Unsplash

 

 

Os museus e a inteligência artificial

Recentemente, tive o prazer de entrevistar profissionais do Museu do Amanhã e da Pinacoteca de São Paulo, além de um especialista da IBM, para escrever sobre o uso da inteligência artificial nesses dois museus. Trata-se de um recurso múltiplo, capaz de aproximar o público das exposições e envolver os visitantes em uma experiência diferente.

Há muitas incertezas no cenário do uso da I.A., seja em museus ou em qualquer contexto. Mas não há dúvidas de que a tecnologia abre vários caminhos novos para que o público explore formas inovadoras de se relacionar com as exposições nesses espaços de uma maneira mais ativa.

As entrevistas resultaram em uma matéria publicada no site Porvir.

Leia a matéria 

Foto do post: Guilherme Leporace/Museu do Amanhã