Conteúdo extra – Palestra Colégio Euclides da Cunha, Rio de Janeiro

Obrigada a todos que estiveram presentes e, mais uma vez, ao colégio pelo convite 🙂

Regulamentação da IA no Brasil

[Ainda não existe algo específico para a educação, mas deixo aqui links gerais sobre o assunto, e recomendo a leitura do guia da Unesco para a IA generativa na educação, aqui, em inglês]

Proposta regulamenta utilização da inteligência artificial

Panorama regulatório de Inteligência Artificial no Brasil

Projeto de Lei 21/2020

Unesco lança guia para regulamentação do uso de inteligência artificial nas escolas

Somos todos ciborgues – Dissertação de Mestrado de Camila Leporace

Machine learning e a aprendizagem humana – Tese de Doutorado de Camila Leporace

Racismo algorítmico

O Panóptico – Monitor de novas tecnologias na segurança pública do Brasil

Nina da Hora sobre a não neutralidade da IA

Racismo algorítmico e o trabalho de pesquisadores da área para obterem conhecimento

Como uma cientista negra usa suas habilidades de hacker contra o racismo

Organizações e laboratórios de pesquisa

Educadigital – Priscila Gonsales

MediaLab (UFRJ)

CiberCog (UERJ)

Vídeos

Palestra minha para os pais e responsáveis do Colégio Ao Cubo (2023)
Live no canal Mentorizar, do professor Johnny Chaves
Participação no Painel E AGORA? da PUC-Rio (2020)

Material complementar à palestra “Um robô na família – Educação parental em tempos de Inteligência Artificial”, Colégio Ao Cubo, 30 de outubro de 2023

No dia 30 de outubro, fiz uma palestra com este título, “Um robô na família – Educação parental em tempos de Inteligência Artificial”, a convite do Colégio Ao Cubo. Foi uma oportunidade muito rica não apenas de compartilhar conteúdo e conhecimento, mas de aprender. É assim que vejo estes momentos, como momentos em que aprendo, tomo conhecimento das questões que mais chamam a atenção das pessoas, e percebo como posso me aperfeiçoar mais e seguir pesquisando.

O tema não é nada simples; afinal, é complexo pesquisar as tecnologias digitais, a inteligência artificial e a relação humana com as essas tecnologias. No meu doutorado, pesquisei a cognição humana e sua relação com a IA, partir da filosofia da educação. Isso significa que meu foco está na maneira como seres humanos lidam com as tecnologias, mais do que nas especificidades das tecnologias em si. Eu pesquiso a maneira como seres humanos aprendem, percebem o mundo, e os impactos que as tecnologias têm ou podem vir a ter sobre as nossas experiências. Mesmo assim, nessa palestra passei rapidamente por alguns conceitos técnicos de IA, que se fazem necessários para entender o raciocínio proposto. Em seguida, passo à reflexão que mais desenvolvi em meu trabalho, que é voltada para a maneira como nos sentimos ao lidar com tecnologias e como podemos melhorar a relação que temos com a IA e com outras tecnologias emergentes.

Para compreender essas relações, quando fiz minha tese foquei nas premissas que impulsionam as tecnologias algorítmicas de machine learning, e as contrastei com a complexidade da aprendizagem em seres humanos. Machine learning está presente, de várias maneiras, em diversas das tecnologias que usamos no cotidiano, como as plataformas de redes sociais, vários aplicativos e também é usada para treinar modelos de IA Generativa.

A partir desse entendimento, sigo compreendendo as novas tecnologias e as combinações de tecnologias que surgem e se modificam a cada momento, e como fica a nossa relação com elas nesse movimento.

Uma curiosidade é que o Chat GPT, que se popularizou tanto recentemente, surgiu até depois que eu já tinha defendido a tese, em janeiro de 2023. Isto é, eu não pesquisei a fundo essa tecnologia, eu tinha testado outras tecnologias durante a minha pesquisa, mas não o GPT. Mesmo assim, eu já tinha ideia do poder de processamento da aprendizagem de máquina, pelo tanto que já tinha pesquisado. Quando o GPT veio, ele exibiu para todos o poder dos sistemas de processamento de linguagem natural e aprendizagem/aprendizado de máquina. Já as redes sociais usam machine learning e outros tipos de algoritmos nos seus mecanismos, para conseguir nos fazer recomendações, nos trazer anúncios e vender mais. As recomendações desses sistemas “prendem” as pessoas nessas plataformas, gerando vício e problemas psicológicos. É preciso pensar sobre tudo isso para fazer sentido desse mundo virtual tão complexo, certo? Temos que seguir sempre pensando, refletindo e nos informando!

A palestra está disponível a seguir, bem como alguns materiais citados. Quem desejar, pode me enviar comentários em consultoria@camilaleporace.com.br 😉

Minhas redes:

Instagram @camilaaleporace

LinkedIn

Reportagens citadas

‘Meninas no limite’: por que as adolescentes sofrem mais com problemas causados por redes sociais (BBC)

Mais de 40 estados nos EUA processam Meta por prejudicar a saúde de menores (G1)

Autoestima baixa e ansiedade: saúde mental de jovens é pior que de outros grupos, aponta estudo

Referências

Autora – Sherry Turkle

Autora – Michelle Icard

Posts

Post de 2020 no meu blog sobre o documentário Social Dilemma (Netflix) (por Camila Leporace)

O necessário dilema das redes (por Priscila Gonsales)

Chat GPT

Como criar conta no Chat GPT

Chomsky: ChatGPT contra o pensamento crítico

ChatGPT, a inteligência artificial como você nunca viu, é a próxima revolução

GPT-5: Everything We Know So Far About OpenAI’s Next Chat-GPT Release

Redes sociais

Scaling the Instagram Explore recommendations system

Powered by AI: Instagram’s Explore recommender system

Processamento de Linguagem Natural

O que é processamento de linguagem natural (PLN)?

Regulação da IA

ANPD publica análise preliminar do Projeto de Lei nº 2338/2023, que dispõe sobre o uso da Inteligência Artificial

Unesco propõe regulamentação de IA generativa nas escolas

Organizações

Instituto Educa Digital

Center for Humane Technology

We and AI

Data Pop Alliance

Vídeos

Material complementar à conferência “Fazendo sentido de um mundo algorítmico”, para a UFPE, em 24 de outubro de 2023

No dia 24 de outubro de 2023, fiz uma conferência a convite da Universidade Federal de Pernambuco que teve como título “Fazendo sentido de um mundo algorítmico”. Eu procurei, essencialmente, demonstrar como apliquei alguns conceitos do enativismo para o entendimento da nossa relação com os sistemas algorítmicos que nos circundam.

Porque somos sense-makers, somos capazes de fazer sentido do mundo, com as nossas capacidades cognitivas calcadas na corporificação, nas emoções, na empatia.

O conceito de autonomia enativista, combinado ao conceito de participatory sense-making, pode nos ajudar a compreender como podemos desenvolver as mais variadas formas de interação, diálogo e negociação, em vários níveis, do mais básico a aqueles que atingem países e organizações.

Autonomia, no enativismo, significa não independência do meio, mas estar em equilíbrio com o meio.

Temos condição de melhorar cada vez mais as interações com o nosso meio, e deixamos o nosso legado para os próximos sense-makers, pois enativismo também leva em conta o histórico das nossas evoluções. Somos tão mais do que os algoritmos e os dados! Somos sense-makers, e os sistemas artificiais não são.

E isso é interessante para pensarmos desde as nossas interações conversacionais mais corriqueiras do dia-a-dia – e como as interações com chats bots e sistemas artificiais em geral não são interações, de fato – até as duras negociações internacionais pela paz em contextos difíceis de guerra. Em todos os momentos, somos sense-makers fazendo sentido do mundo em que vivemos e tentando reequilibrar as nossas relações com o meio.

Fazer sentido de um mundo algorítmico ainda é bastante difícil, mas ofereci algumas sugestões e indicações para refletirmos sobre isso, na apresentação. A conferência está disponível a seguir, bem como alguns materiais citados. Quem desejar, pode me enviar comentários em consultoria@camilaleporace.com.br 😉

Minha tese de doutorado está disponível aqui;

O ensaio citado está aqui:

Alguns dos livros e artigos que usei como base são estes:

BANNELL, MIZRAHI E FERREIRA (Orgs.) Deseducando a Educação – Mentes, Materialidades e Metáforas – Disponível em http://www.editora.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=881&sid=3

DI PAOLO, E. A., BURHMANN, T. E BARANDIARAN, X, E. Sensorimotor LifeAn Enactive Proposal. Oxford: Oxford University Press, 2017.

DI PAOLO, E. The Enactive Conception of Life. In: NEWEN, A., DEBRUIN, L. & GALLAGHER, S. The Oxford Handbook of 4E Cognition.Oxford: Oxford University Press, 2018

DI PAOLO, E. A.; CUFFARI, E. C. & DE JAEGHER, H. Linguistic Bodies.The Continuity between Life and Language. Cambridge: MIT Press, 2018.

DI PAOLO, E., ROHDE, M. & DE JAEGHER. Horizons for the Enactive Mind: Values, Social Interaction, and Play. In: Stewart, J., Gapenne, O. e DiPaolo, E. Enaction – Toward a New Paradigm for Cognitive Science. Cam-bridge: MIT Press, 2010.

As traduções que fiz de textos de autores dos 4Es e da fenomenologia estão aqui:

https://www.academia.edu/108145136/Deseducando_a_Educacao_parte_1

Dilemas da IA na educação

Indicações de leituras

Guidance for generative AI in education and research (UNESCO 2023)

Tese de Doutorado e Dissertação de Mestrado – Camila Leporace

APA / American Psychological Association. Self-instructional materials and devices. American Psychologist, 16(8), 512-513, 1961. https://doi.org/10.1037/h0043852.

BENJAMIN, L. T. A history of teaching machines. American Psychologist, 43(9), 703–712, 1988. https://doi.org/10.1037/0003-066X.43.9.703

CANDAU, V. M. Ensino Programado – Uma nova tecnologia didática. Rio de Janeiro: Inter edições, 1969.

PRESSEY, S. Development and Appraisal of Devices Providing Immediate Automatic Scoring of Objective Tests and Concomitant Self-Instruction, The Journal of Psychology, 29:2, 417-447, 1950. DOI: 10.1080/00223980.1950.9916043

SELWYN, N. Should Robots Replace Teachers? AI and the future of Education. Medford: Polity Press, 2019.

WILLIAMSON, B. Big Data in Education. The digital future of learning, policy and practice. London: SAGE Publications, 2017.

Material complementar à conferência SAF PUC-Rio 2023

Minha tese de doutorado está disponível aqui e os artigos citados são:

O que os computadores continuam não conseguindo fazer, 50 anos depois: A aprendizagem sob a perspectiva da fenomenologia do cotidiano de Hubert Dreyfus

ANOTHER BRICK IN THE WALL: THREATS TO OUR AUTONOMY AS SENSE-MAKERS WHEN DEALING WITH MACHINE LEARNING SYSTEMS

Alguns dos livros e artigos que usei como base são estes:

DI PAOLO, E. A., BURHMANN, T. E BARANDIARAN, X, E. Sensorimo-tor Life. An Enactive Proposal. Oxford: Oxford University Press, 2017.

DI PAOLO, E. The Enactive Conception of Life. In: NEWEN, A., DEBRUIN, L. & GALLAGHER, S. The Oxford Handbook of 4E Cognition.Oxford: Oxford University Press, 2018

DI PAOLO, E. A.; CUFFARI, E. C. & DE JAEGHER, H. Linguistic Bodies.The Continuity between Life and Language. Cambridge: MIT Press, 2018.

DI PAOLO, E., ROHDE, M. & DE JAEGHER. Horizons for the EnactiveMind: Values, Social Interaction, and Play. In: Stewart, J., Gapenne, O. e DiPaolo, E. Enaction – Toward a New Paradigm for Cognitive Science. Cam-bridge: MIT Press, 2010.

DREYFUS, H. What Computers Still Can’t Do. MIT Press: New York, NY,USA: 1992.

DREYFUS, H. Skillful Coping – Essays on the phenomenology of everydayperception and action. Oxford: Oxford University Press, 2016

Another brick in the wall

Foi publicado num dossiê temático da Revista Perspectiva Filosófica um ensaio meu intitulado “Another brick in the wall – Threats to Our Autonomy as Sense-Makers When Dealing With Machine Learning Systems”. A tradução em português (que acabou saindo um pouquinho diferente na revista) seria algo “Mais um tijolo na parede – Ameaças à Nossa Autonomia como Sense-Makers quando lidamos com sistemas de aprendizagem de máquina”.

Ter esse ensaio publicado significa muito. Não somente porque uma publicação acadêmica é sempre algo de muito valor para nós que batalhamos para tocar as nossas pesquisas para a frente, mas porque nele eu elaboro uma parte importante do argumento que está presente na minha tese. Ela foi já entregue à banca e a defesa será em janeiro de 2023. Também é uma publicação importante porque está numa edição especial da revista que é dedicada à Fenomenologia, à Cognição e à Afetividade – justamente os temas tratados na minha tese. E, como se não bastassem todos esses motivos de alegria, meu trabalho está publicado ao lado de outros assinados por grandes pesquisadores nessas áreas.

Para quem não conhece bem os trâmites, publicar um artigo numa revista cientifica exige escrever e submeter o trabalho à avaliação anônima de pareceristas que podem ou não aprová-lo para ser publicado. Podem também aprovar, porém sob a condição de que o autor faça certas modificações. Eu recebi sugestões ótimas para o meu, e procurei acatar todas as que achei pertinentes, num processo que foi muito rico para mim.

Optei por escrever o ensaio em inglês porque quis abri-lo a pesquisadores consagrados que não falam português. Porque quis me inserir num debate que está ainda mais forte fora do Brasil. Mas explico as ideias ali presentes na tese, até com mais detalhes, e em breve quero fazer uma tradução dele para postar aqui no blog.

Agradeço a todos que me apoiaram para que essa publicação acontecesse e à Revista Perspectiva Filosófica pela oportunidade e privilégio de estar nesse dossiê. Para ler a revista e o artigo:

REVISTA COMPLETA CLIQUE AQUI

LER DIRETO O ENSAIO CLIQUE AQUI

Os novos cupidos: os apps e seus algoritmos

Você provavelmente conhece alguém que se casou com uma pessoa que conheceu pelo Tinder, OKCupid ou outro app de relacionamentos. Talvez esteja cansado ou cansada da sua vida de solteiro/a e esteja até pensando em dar uma chance para um desses aplicativos, ou já é usuário ativo e engajado. Quem sabe aparece alguém bacana? Pode ser. Mas você já parou para pensar em como funcionam esses apps?

Tudo o que você faz quando está logado/a num app como o Tinder serve para que esse app lhe traga possíveis matches. Até mesmo as suas mensagens “privadas” trocadas com os possíveis “candidatos” a dates entram na análise de dados dos algoritmos. E não é só o que você faz dentro do aplicativo que alimenta a base de dados desse software. Por exemplo, se você topa sincronizar as suas contas de redes sociais como o Instagram, elas passam a servir também como fonte para que o app “conheça” você melhor e dê as suas flechadas para ajudar na busca pelo grande amor. Tudo em que você clica nessas redes é detectado, rastreado e armazenado para ser devorado pelos sistemas de machine learning por trás desses apps.

Claro que, como esses aplicativos são parecidos com álbuns de figurinhas em que o usuário avalia o que lhe chama a atenção, são as características físicas aparentemente mais desejadas que vão criando filtros para que sejam mostrados perfis de acordo. Além disso, a opinião comum dos usuários, no sentido da percepção conjunta, também é levada em consideração. Isso significa que as preferências e similaridades entre usuários são usadas para fazer recomendações. E isso pode ser bem estranho.

Como funciona a “filtragem colaborativa”?

Vieses, preconceitos e a circularidade em que você acaba preso

“A maioria (dos aplicativos de relacionamentos) depende de uma combinação de preferências declaradas – o que você diz ao app que pretende num parceiro, seja explicitamente nas suas definições ou implicitamente através de engajamento – e de algo chamado filtragem colaborativa. Isto significa que uma aplicação procura padrões a partir das pessoas a quem os utilizadores disseram sim ou não, e depois tenta perceber como se assemelham a outros utilizadores para fazer previsões sobre quem vai acabar por gostar de quem. É semelhante à forma como o TikTok seleciona vídeos para você ver e a Amazon empurra você para as compras” (fonte: Wired)

Sabe os preconceitos e vieses que existem no discurso das atrações em geral, no mundo não virtual, mas físico mesmo? As características físicas que costumam ser enaltecidas nos filmes, no Instagram, no TikTok, enquanto outras são marginalizadas? Então. Essas tendências acabam ainda mais fortalecidas quando os algoritmos entram em jogo, especialmente a partir desse mecanismo que citei, da captura de percepções coletivas. Se você dá “like” em determinadas pessoas, com certas características, acabam aparecendo para você mais e mais pessoas com aquelas mesmas características, e menos com outras; mas isso é pior quando os algoritmos se baseiam não exatamente em você para fazer isso, mas em pessoas que eles consideram parecidas com você.

Isso gera uma circularidade que pode acabar lhe mantendo longe de pessoas que poderiam ser interessantes para o seu perfil.

Tem uma outra questão: todo mundo tem direito a mudar de ideia, e assim as nossas preferências podem simplesmente mudar no decorrer do tempo. Enquanto as pessoas podem mudar rápido, os algoritmos demoram um bom tempo para incorporar essas mudanças.

Para além da atração física

Na minha opinião, o problema maior de deixar os cupidos virtuais acertarem suas flechas por você é que nesses apps entram em jogo apenas a aparência física e aqueles gostos mais superficiais, que estão ao alcance dos algoritmos. Claro que muitos relacionamentos começam mesmo com uma troca de olhares baseada em aparência e atração física. Mas, e aqueles elementos que não conseguimos bem dizer de onde vêm, e às vezes são arrebatadores, decisivos para ficarmos com alguém? Quantas vezes acabamos na cama com um sujeito ou sujeita que nunca imaginávamos, ou nos vemos beijando uma boca absolutamente imprevisível – e gostando?! Amigos, pessoas com quem temos afinidades, trocas de ideias mágicas e com quem de repente nos vemos envolvidos.

Será que os algoritmos nos levariam a encontros assim, ou nós mesmos acabaríamos nos traindo, selecionando apolos e afrodites que são colírios para os olhos mas não dizem nada à alma?

Claro que há aí também uma boa dose do componente sorte. A roleta do amor gira em todos os lugares, e pode girar – e até acertar! – na algoritmosfera, também. Mas será que as nossas chances de nos dar bem não diminuem já que os algoritmos deixam de “ver” tanta coisa – e não são capazes de sentir nada? Ainda por cima, corremos o risco enorme de ter decepções como aquela de adorar uma casa online e, ao visitá-la pessoalmente, achar péssima…

Aliás, sobre os desapontamentos, uma notícia ruim: eles acontecem com muita frequência. O Tinder e o Grindr estão na lista dos apps que mais deixam as pessoas tristes!

Leia mais
Grindr, Tinder, Scruff: A Recipe for Loneliness
High Levels Of Unhappiness For Grindr Users Study Finds

Parece que as minhas intuições sobre por que os apps de dates falham tanto estão na direção certa. Eis algumas hipóteses sobre isso (com informações deste link):

  • Sistemas de machine learning operam estritamente a partir daquilo que lhes é fornecido. Alguns elementos são altamente previsíveis, enquanto outros não são. E ainda não se sabe exatamente de onde a atração vem, como destaca a pesquisadora Samantha Joel, da Western University, no Canadá, que investiga a maneira como as pessoas tomam decisões relacionadas ao amor.
  • Quando tentamos analisar os fatores que realmente pesam para nós, enquanto tentamos entender o que sentimos por alguém, podemos sentir vergonha dos fatores que nos são atraentes ou até mesmo ser completamente inconscientes a respeito de uma certa preferência que temos.
  • Se questionados sobre fatores que nos atraem, podemos, por exemplo, dizer que é o nível de escolaridade de alguém ou até declarar que altura é um fator inegociável; e aí, quando encontramos as pessoas na vida real, aparentemente mudamos tudo. Quem disse que nunca namoraria alguém que não fez faculdade se apaixona por um artista que aprendeu fazendo, e quem disse que nunca ficaria com alguém baixinho se apaixona pelo Charles Chaplin.

Enfim! Quando se trata de amor, nós mesmos não nos conhecemos direito, então… como os algoritmos haveriam de dar conta desse recado extremamente espinhoso?

Ainda assim, é preciso arriscar. Então, independentemente da loteria em que você vai jogar, desejo-lhe sorte. Ops, mas dizem que é sorte no jogo e azar no amor… então, melhor não jogar na Mega Sena. Vai que você ganha. Como ficará o amor? Você não vai querer alguém que só esteja interessado na sua conta bancária, né? Pois os algoritmos conhecem o estado da nossa saúde financeira também. Temos que ser cautelosos 😉

Pesquisa Teórica em Educação

Neste post, forneço uma lista de referências utilizadas em aula da PUC-Rio na qual contribuí abordando a pesquisa teórica em Educação.

BANNELL, R. I. Uma faca de dois gumes/A double-edge sword. In: FERREIRA, Giselle M. S.; ROSADO, Luiz A. S.; CARVALHO, Jaciara S. (Org.) Educação e Tecnologia: abordagens críticas. Rio de Janeiro: SESES – Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, 2017, p. 17-82.

BANNELL, R. I.; MIZRAHI, M.; FERREIRA, G. (Orgs.) (Des)educando a educação: Mentes, Materialidades e Metáforas. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2021.

CANDAU, V. M. Ensino Programado – Uma nova tecnologia didática. Rio de Janeiro: Inter edições, 1969.

LAURENTI, C; LOPES, C. E. & E ARAÚJO, S. F.. Pesquisa Teórica em Psicologia – Aspectos Filosóficos e Metodológicos. São Paulo: Hogrefe, 2016

NEWEN, A.; DE BRUIN, L.; GALLAGHER, S. The Oxford Handbook of 4E Cognition. Oxford: University Press, 2018.

SEVERINO, A.  J. Metodologia do Trabalho Científico. 23ª ed. revisada e atualizada. São Paulo: Editora Cortez, 2007

WATTERS, A. Teaching Machines. Cambridge: MIT Press, 2021.

Imagem:
http://edhistory.weebly.com/1950s.html

Informações para estudantes de pós-graduação em Filosofia buscando oportunidades no exterior

Por Hugo Mota

Perguntas preliminares (faça-as e responda a você mesmo):

  • Por que deseja buscar oportunidades fora do país?
  • Pretende se mudar só ou com outra(s) pessoa(s) (parceiro, filhos, pets)?
  • Quais línguas você já domina/pretende estudar?
  • Qual o período/ano que deseja iniciar os estudos?
  • Quais são seus países/continentes de escolha?
  • Quais são suas áreas de interesse/especialização?

A depender das respostas às perguntas acima, diferentes informações/dicas se aplicarão!

Informações gerais:

  • Tenha em mente que, independente da escolha, invariavelmente haverá gastos (mais ou menos dispendiosos, a depender do país):
    1. Passaporte (aproximadamente 250 reais);
    2. Certificado de Proficiência (aproximadamente 1000 reais, no caso da língua inglesa);
    3. Tradução juramentada de documentação (aproximadamente 800 reais);
    4. Taxa de aplicação (varia de 0 a 600 reais);
    5. Taxa do GRE (caso pretenda estudar nos EUA, algumas instituições pedem, valor aproximado de 1000 reais);
    6. Visto (taxas a depender do país);
    7. Passagens de avião (somente ida, de 2000 reais pra cima).
  • Será necessário elaborar alguns documentos para o “pacote de aplicação” (abaixo listo todos que conheço, mas a exigência dependerá do país/universidade ou da vaga):
    1. Writing sample (amostra de trabalho escrito, geralmente um artigo ou trecho de sua monografia/dissertação);
    2. Personal statement/Research statement/Cover letter/Application letter (texto breve, entre 1 a 4 páginas, relatando sobre sobre aspectos de sua carreira, pesquisas, interesses, personalidade e habilidades);
    3. Curriculum Vitae (seu currículo acadêmico/profissional em inglês, o mais completo possível dentro dos limites de cada seleção);
    4. Letters of Recommendation/Reference letters/References (cartas de recomendação ou nomes de pessoas que podem te recomendar à universidade, geralmente 2 ou 3 cartas/pessoas ― ideal solicitá-las cedo, especialmente para professorxs próximos ou (ex)orientadorxs, o melhor é que sejam aquelxs que tenham de fato ajudado você em sua carreira e conheçam seu trabalho);
    5. Research proposal/Project description (proposta de pesquisa ou descrição breve do projeto que você deseja desenvolver, geralmente entre 4 a 10 páginas ― nem sempre requisitado, mas quando é, trata-se de uma das coisas mais relevantes para sua aplicação)
    6. Transcripts (Históricos escolares da graduação e mestrado traduzidos ― via tradução juramentada);
    7. Certificates/Degrees (Certificados ou Diplomas de conclusão de graduação e mestrado traduzidos ― via tradução juramentada);
    8. Online Application Form (Formulário de aplicação online, geralmente disponível pelo site da instituição);
    9. Proficiency Exams (caso inglês, os mais aceitos são TOEFL IBT, IELTS, Cambridge… os requisitos mínimos geralmente são dispostos na página da instituição, mas em geral pede-se nível B2+);
    10. GRE (Uma espécie de exame geral para ser aceito em algumas instituições nos EUA);
    11. Application fees (a depender da instituição, algumas cobram mas oferecem meios para abonar o valor, outras não possuem taxas de aplicação ― em geral, instituições europeias não cobram, enquanto que instituições americanas quase sempre cobram).
  • Etapas do processo:
    1. Escolha das instituições/vagas/editais que deseja tentar (sugiro os seguintes sites/meios para buscar programas e vagas em Filosofia: PHILOS-L (lista de emails internacional muito atualizada utilizada para divulgação de vagas, eventos, chamadas de artigos em Filosofia), PhilJobs (site de vagas que lista vagas em Filosofia), Jobs UK (site de vagas especificamente no Reino Unido), Jobbnorge (site de vagas especificamente na Noruega), Academic Transfer, EURAXESS (site de vagas na Europa), Philosophical Gourmet Report (ranking de instituições nos EUA em relação à Filosofia), Pluralist’s Guide (guia para programas em Filosofia voltados para abordagens não-tradicionais)  Ranking de instituições na Europa, WONDER Philosophy (Workshop voltado para auxiliar estudantes internacionais de filosofia a aprenderem como realizar submissões para vagas no exterior) e, por incrível que pareça, Twitter (seguindo pessoas de filosofia, muitas vezes aparecem oportunidades boas por lá ― foi pelo twitter que vi a vaga que consegui ser selecionado);
    2. Contato com possíveis orientadores (geralmente opcional, mas quase sempre será útil até para confirmar se de fato deseja tentar no local escolhido);
    3. Preparação da documentação;
    4. Preenchimento do formulário de aplicação;
    5. Submissão da aplicação (se possível, busque enviar várias ao mesmo tempo);
    6. Confirmação da submissão (significa que você teve sua inscrição homologada);
    7. Convite para entrevista (significa que você está na lista dos selecionados, a “shortlist”);
    8. Preparo para a entrevista (geralmente serão feitas perguntas sobre sua carreira, sua motivação para aplicar a esta instituição, se está aplicando para outras, seus interesses na área, sua pesquisa, como você e sua pesquisa irão colaborar com o programa/grupo/projeto que você está aplicando, sobre como você lida com problemas, como é seu dia a dia de estudo/pesquisa, sobre sua capacidade de cooperação, como você pretende finalizar a pesquisa no tempo devido, se você terá disponibilidade para se mudar, etc.);
    9. Resultado da entrevista (classificação em um ranking provisório elaborado pela comissão avaliativa que esteve presente na entrevista, que será posteriormente confirmado ou alterado por um comitê mais amplo composto por membros da instituição/departamento/grupo);
    10. Resultado final (confirmação final se você foi aceito para a vaga);
    11. Oferta do emprego (confirmação formal, último momento para aceitar ou recusar a vaga ― até receber isto, infelizmente ainda existem chances remotas de você ser rejeitado subitamente (chamam isto de ghosting acadêmico), então é importante ser cauteloso);
    12. Aplicação para visto e organização do procedimento de mudança (em geral, sua instituição irá auxiliá-lo no processo de aplicação para o visto, e algumas inclusive poderão oferecer alguma assistência, financeira ou de outro modo, na sua mudança/adaptação).
  • Comece o mais rápido possível a procurar por instituições e vagas desejadas e a compreender o que você precisará fazer para submeter sua aplicação;
  • Não deixe de acreditar nas suas chances! Além de provavelmente você ser muito capaz, muitas instituições do exterior buscam estudantes internacionais ― algumas inclusive dão prioridade em suas seleções.

Meu relato

Nesta seção, farei uma breve descrição de como se deu meu processo de aplicação e como está a situação atual após a aprovação em uma universidade europeia. Farei isto respondendo cronologicamente de acordo com perguntas preliminares e as informações gerais acima.

Perguntas:

  • Porque deseja buscar oportunidades fora do país?

Já tinha interesse de conseguir uma vaga de doutorado no exterior desde que iniciei o mestrado, mas naquela época havia considerado que isso seria muito difícil, então foquei em conseguir uma boa colocação em um programa de doutorado no Brasil, pois assim teria garantia de bolsa e maior chance de ser aceito em um edital de doutorado-sanduíche.

Mesmo assim, desde 2018 venho buscando oportunidades, pois essa minha vontade nunca sumiu. Em verdade, só foi aumentando à medida que a situação no país ia piorando cada vez mais. O estopim foi dado quando em Março de 2021 soube que o programa de doutorado que estava vinculado não teria nenhuma bolsa de doutorado disponível para ingressantes devido ao corte injusto feito pelo CNPq, que vem sofrendo cortes cada vez maiores no atual governo. Uma semana após saber disso, passei todo o tempo que tinha disponível pesquisando programas e vagas de doutorado no exterior que oferecessem bolsa/financiamento e que iniciassem ainda em 2021. Com o tempo, elaborei toda a documentação que precisava e já comecei a submeter aplicações.

Em resumo, minha principal motivação foi uma espécie de instinto de sobrevivência na área.

  • Pretende se mudar só ou com outra(s) pessoa(s) (parceiro, filhos, pets)?

Irei me mudar com minha parceira e nossas gatas. Caso você deseje se mudar com um acompanhante familiar/parceiro, é importante pesquisar e se informar sobre as possibilidades e requisitos para se fazer isto com segurança. Em relação aos pets, é preciso verificar a regulamentação do país de sua escolha sobre os procedimentos para viajar ― a maioria das informações necessárias consta no site do ministério da agricultura do Brasil.

  • Qual o período/ano que deseja iniciar os estudos?

Como dito acima, minha preferência era iniciar ainda em 2021.

  • Quais línguas você já domina/pretende estudar?

Felizmente já possuía um bom domínio da língua inglesa. Geralmente todas as instituições de ensino irão aceitar o inglês como suficiente, mesmo na Europa. Exceções podem existir a depender do caráter da vaga.

  • Quais são seus países/continentes de escolha?

De início, minha preferência já era a Europa. Como as universidades nos EUA tem um processo mais longo e só iniciaria no final de 2022, procurei menos vagas por lá. Também foquei em países que não cobram taxas para estudo em universidades (Holanda, Alemanha, Finlândia, Estônia, Suécia, Dinamarca, Suíça, Noruega, etc.). Como alternativas, busquei as diversas instituições do Reino Unido (especialmente Inglaterra e Escócia) e considerei a Universidade de Sydney.

  • Quais são suas áreas de interesse/especialização?

Minhas áreas de especialização são epistemologia, filosofia da linguagem e filosofia da mente. Tentei direcionar minha busca de modo que não tivesse que me adaptar muito para conseguir aumentar minhas chances, mas minha recomendação é a de se manter aberto para as diversas oportunidades que você encontrar. Como o caráter das pesquisas e projetos no exterior está cada vez mais voltado para interdisciplinaridade, é importante que você esteja ao menos ciente disso e disponível para aprender como se movimentar em outras áreas.

Felizmente, a primeira aplicação (e a que mais desejava) que fiz já foi bem sucedida. Em Agosto de 2021 inicio minha pesquisa na Universidade de Oslo, na Noruega. Mas, antes de relatar coisas mais específicas sobre esse processo, irei abaixo comentar um pouco sobre como foi a pesquisa para encontrar programas e vagas e como elaborei a documentação necessária para as aplicações que submeti.

  • Documentação
    1. Writing sample: como não tinha nenhum artigo publicado/escrito originalmente em inglês, traduzi dois artigos (um deles diretamente relacionado com meu projeto de doutorado) e um capítulo da minha dissertação ― a depender da vaga, enviava um ou mais desses textos na aplicação;
    2. Application letter: elaborei um texto geral no qual me apresentava (breve apresentação pessoal e profissional), era honesto sobre minhas motivações e situação (já estava em programa, mas precisava sair por conta do corte de financiamento), explicava minha pesquisa, oferecia considerações sobre as contribuições que ela pode prover, mostrava porque me interessei por este programa/esta vaga e ao final finalizava com observações avaliativas sobre minhas capacidades e habilidades de pesquisa e trabalho, geralmente tentando ressaltar a abertura para cooperação em grupo e interdisciplinaridade ― em geral, a estrutura e o texto sempre era o mesmo para todas as aplicações, mas adaptava as partes que diziam respeito aos programas/vagas específicos;
    3. Curriculum Vitae: busquei modelos a partir de CVs de colegas professores e de pesquisadores internacionais disponíveis pela internet (especialmente via Academia.edu);
    4. Reference letters/References: solicitei apoio dos meus três orientadores, graduação, mestrado e doutorado, pois todos sempre realmente me ajudaram durante minha carreira ― minha sugestão aqui é a de ir atrás de pessoas que realmente te conhecem, não focar em procurar “nomes conhecidos” que talvez não saibam de verdade descrever você e seu trabalho;
    5. Transcripts: inicialmente, busquei meus históricos e eu mesmo traduzi, a maioria das aplicações aceitava isto, mas depois pedia que fosse a tradução juramentada ― em geral, irão olhar a quantidade de créditos totais para checar se é equivalente aos cursos do país e então julgar a sua média geral final (GPA – Grade Point Average);
    6. Certificates/Degrees: como (até hoje) minha universidade não conseguiu entregar meu diploma de mestrado, usei as declarações que tinha, além do diploma de graduação ― também pedem que seja traduzido para o inglês, mas geralmente você pode já aplicar mesmo sem essa tradução oficial: 
    7. Online Application Form: importante buscar no site da instituição ou na chamada da vaga onde e como é feita a aplicação ― por vezes pode até ser via email;
    8. Proficiency Exams: nesse caso, já tinha um certificado de proficiência TOEFL, mas tive que fazer um novo pois este antigo já tinha passado da “validade” ― o processo do exame online do TOEFL IBT Home Edition é um pouco estranho, mas funcionou bem, recomendo que caso escolha este, tente treinar pela própria ferramenta de simulação disponível no site;
    9. GRE: como não apliquei a nenhuma universidade dos EUA, não precisei;
    10. Application fees: felizmente nenhuma aplicação que fiz requisitava pagamento de taxas.
  • Etapas dos processos (em especial o que fui selecionado):
    1. Após decidir qual continente iria me focar, busquei praticamente todas as universidades nas quais existiam programas de Doutorado em Filosofia e que permitiam realizar o curso em inglês ― busquei utilizando os sites disponibilizados acima. Então, com essa lista comecei a pesquisar detalhadamente as áreas de especialização de cada programa que eu me encaixaria e passei para a análise dos professores que poderiam possivelmente me orientar;
    2. Feito isso, enviei dezenas de e-mails (mais de 40, ao todo) para esses professores, sempre me apresentando, falando de minha situação, do meu projeto, do meu interesse em trabalhar com ele(s) ou ela(s), mas sempre deixando claro que gostaria de saber especificamente sobre vagas totalmente financiadas (bolsas, salários…). À medida que ia recebendo respostas, criava a lista de prioridades de acordo com a disponibilidade de bolsa e a receptividade dos professores ao meu projeto. Esse processo é interessante pois muitos já dão um feedback interessante sobre sua pesquisa, seja elogiando, seja oferecendo sugestões de bibliografia, ou comentando sobre como melhorar a escrita. É um processo muito trabalhoso e cansativo, mas vale a pena, mesmo sabendo que você só vai realmente entrar em uma instituição, a ideia aqui já é criar laços mínimos com a rede internacional de pesquisadores;
    3. Preparação da documentação já foi relatada acima ― reitero a importância da honestidade, pois muito poderá ser questionado na entrevista;
    4. Preenchimento do formulário de aplicação: no caso da vaga para a Noruega, todo o procedimento é realizado através do site jobbnorge.no;
    5. Submissão da aplicação: é interessante buscar comentários e sugestões de colegas pós-graduandos e professores sobre sua documentação antes de submetê-la ― quanto mais aplicações enviei, melhor fui desenvolvendo a formatação e texto dos documentos que submetia;
    6. Confirmação da submissão (significa que você teve sua inscrição homologada): geralmente ocorre de maneira automática, mas se não for o caso, tente entrar em contato por email para evitar qualquer problema;
    7. Convite para entrevista (significa que você está na lista dos selecionados, a “shortlist”): no meu caso, como fui rapidamente chamado para a entrevista para a vaga da Noruega (sempre via jobbnorge.no), essa foi a única que realizei ― depois de aceito, cancelei todas as demais aplicações, então não sei como seria feito o convite por outras instituições;
    8. Preparo para a entrevista: não é muito diferente das entrevistas de seleção de pós-graduação no Brasil, a não ser em relação ao tempo disponível. No meu caso, foram 45 minutos. Tentei me preparar antecipando perguntas, preparando textos breves sobre como minha pesquisa iria contribuir com o projeto (nesse caso, a vaga é em um projeto de pesquisa específico, no qual sua proposta original deve se encaixar na medida do possível para contribuir), como minha carreira me preparou para assumir uma vaga como essa, e também refletindo honestamente sobre as principais dificuldades que seriam enfrentadas. Foram realizadas 19 perguntas-padrão (feitas a todos os candidatos) que trataram basicamente de todos os tópicos mencionados acima. Fui o mais honesto que pude sempre, também tentando passar através de minhas respostas quem eu sou de verdade ― sério e conciso quando necessário, brincalhão quando possível e adequado. Acredito que isso foi facilitado por conta da receptividade e gentileza dos entrevistadores, fui muito bem tratado e todos de fato prestavam atenção em minhas respostas, sorriam quando gostavam de algo e não tinham medo de sair um pouco do script quando conveniente. Em relação à língua, meu conselho é não ter medo de errar, tentar pensar que os outros candidatos também não devem ser tão fluentes assim, e considerar que o mais importante é ser entendido, visto que, se te chamaram, fizeram isso sabendo que você não é de um país de língua inglesa ― um lembrete sempre bom, também, é que todos tem sotaque, não tenha medo de expressar o seu;
    9. Resultado da entrevista: em geral, esse resultado é público, mas no caso dessa seleção em específico era necessário manter sigilo (não sei ao certo o motivo). Fui contatado pela professora líder do projeto, que será minha orientadora, e mantive sigilo até que saísse o resultado final ― apenas 5 candidatos foram chamados para entrevista, e fui selecionado para ficar em 1º no ranking provisório elaborado pela comissão;
    10. Resultado final: este resultado positivo foi comunicado a mim mais ou menos duas semanas após o resultado anterior ― como dito anteriormente, foi feita uma avaliação da decisão tomada pela comissão de avaliação (que havia elaborado um relatório justificando a decisão) por parte de um grupo maior de pessoas, professores e professoras do departamento de filosofia;
    11. Oferta do emprego: pouco menos de uma semana depois, recebi o contato do chefe do departamento perguntando se eu desejava aceitar a oferta, e perguntando se eu precisava de mais tempo antes do início estipulado do projeto para poder me mudar. A partir desse ponto, já pude comemorar sem muito medo e dar prosseguimento à organização de todo o resto que faltava;
    12. Aplicação para visto e organização do procedimento de mudança: minha instituição auxilia em todo o processo de visto, de modo que não há riscos do pedido ser negado. Também oferecem todo o suporte para a mudança e adaptação no novo país. A burocracia pode ser grande e complicada a princípio, mas depois de várias perguntas e esclarecimentos, vê-se que não é lá tão diferente do Brasil ― só mais organizado, ao menos em minha experiência. Um detalhe é que em muitos países da Europa (inclusive a Noruega), doutorado é considerado um emprego, portanto você possui um contrato de trabalho, recebe salário, benefícios, paga impostos, tudo que tiver direito para viver dignamente).

Em caso de maiores dúvidas, ou caso queira que eu envie os documentos que elaborei como modelo, por favor, não hesite em entrar em contato comigo via hugormota.os@gmail.com.