Alguns dos livros e artigos que usei como base são estes:
DI PAOLO, E. A., BURHMANN, T. E BARANDIARAN, X, E. Sensorimo-tor Life. An Enactive Proposal. Oxford: Oxford University Press, 2017.
DI PAOLO, E. The Enactive Conception of Life. In: NEWEN, A., DEBRUIN, L. & GALLAGHER, S. The Oxford Handbook of 4E Cognition.Oxford: Oxford University Press, 2018
DI PAOLO, E. A.; CUFFARI, E. C. & DE JAEGHER, H. Linguistic Bodies.The Continuity between Life and Language. Cambridge: MIT Press, 2018.
DI PAOLO, E., ROHDE, M. & DE JAEGHER. Horizons for the EnactiveMind: Values, Social Interaction, and Play. In: Stewart, J., Gapenne, O. e DiPaolo, E. Enaction – Toward a New Paradigm for Cognitive Science. Cam-bridge: MIT Press, 2010.
DREYFUS, H. What Computers Still Can’t Do. MIT Press: New York, NY,USA: 1992.
DREYFUS, H. Skillful Coping – Essays on the phenomenology of everydayperception and action. Oxford: Oxford University Press, 2016
There’s a lot of talk about the difference between seeing a “real” person and seeing an AI-generated image. But what about the difference between enjoying a live band and experiencing the installation “The Visitors” by visual-technological artist Ragnar Kjartansson?
The installation was on show at the exhibition Não Sofra
Mais, at the Monastery of Santa Clara a Nova in Coimbra and closed this
weekend.
It consists of eight videos, each showing a musician playing
his instrument; the musicians are in different rooms; these rooms are part of
the same house. In a ninth video you can see the house from the outside, a part
of the garden of the house; on the balcony people are singing.
The videos are arranged in a large room, four on each side
and the ninth in the background. You can walk around the room and stop to watch
each musician separately or simply choose a spot to stand and watch/listen. All
the sounds are heard together, because all the musicians in the videos are
playing the same music. Why then is this fascinating? Isn’t it the same
experience as listening to a live band?
What Ragnar managed to do, in my perception, was to show
what our bodies are capable of when we listen to music. Music moves us and
there, literally, in front of that installation, everyone moved. They walked,
they stopped, they got emotional, they danced and, at the end, when the
musicians met in a single scene, in a single video, in the same room, the audience
gathered together, everyone in front of the same video. Then, when the
musicians left that video to appear in the ninth video, outside the house,
people literally walked around the room “following” the musicians. At
this point, some viewers were already singing the song they sing in the videos.
People walked together after watching the scenes for
minutes, each looking at those details that interested them most.
At a concert or show, the audience tends to be limited in
movement by both space and circumstance; this is part of the traditional ritual
of listening and watching the performance. Ragnar, in contrast, has set the
audience to move. The musicians, of course, move too, and while they play you
can realise how playing an instrument involves full body movements. One of them
even prefers to play inside a bathtub, sometimes resting his guitar on a wooden
stand.
But, among several sensations awakened, what I felt most
different and special – besides the beauty of the videos and the idea of the
installation, very well constructed – was the following: the fact that this
work of art promotes the movement of the public among the musicians / videos.
People end up walking around the other listeners/spectators, and then we
realise that we are not spectators, but part of the whole context. The scene
comes to life precisely when those who watch it move and follow the musicians’ movements,
with their whole bodies.
Just as they are each in their own room playing their
instruments, we are living our lives individually. But we are
individual-collective beings. We do not exist without coexisting, but we can
only coexist if we exist individually.
The installation thus reminds us of life itself; we are passers-by taking care of our own corners and paths, but we cross each other’s roads and thus affect each other. We are each other’s path. We each play a part of the music, or contribute with an instrument, a note, a layer. But in the end, we are part of the same symphony, all in tune, even if sometimes, isolated in our corners or rooms of our “homes”, we do not realise it.
Paradoxes:
Stop
suffering, you are not alone.
Realise
that suffering is part of it and you are alone….
Muito se fala sobre qual seria a diferença entre ver uma pessoa “real” e ver uma imagem gerada por IA. Mas o que se poderia dizer da diferença entre curtir uma banda ao vivo e viver a experiência da instalação “The Visitors”, do artista visual-tecnológico Ragnar Kjartansson?
A instalação esteve em cartaz na exposição Não Sofra Mais, no Mosteiro de Santa Clara a Nova em Coimbra e encerrou este fim de semana.
Ela consiste em oito vídeos, cada um dos quais mostrando um músico tocando seu instrumento; os músicos estão em cômodos diferentes; esses cômodos fazem parte de uma mesma casa. Num nono vídeo se pode ver a casa pelo lado de fora uma parte do jardim da casa; na varanda, pessoas cantam.
Os vídeos estão
dispostos numa grande sala, quatro de cada lado e o nono ao fundo. Pode- andar pela
sala e parar para observar cada músico em separado ou simplesmente escolher um
ponto para se posicionar e observar/escutar. Todos os sons são ouvidos juntos,
porque todos os músicos que estão nos vídeos estão tocando a mesma música. Por
que então isso é fascinante? Não é a mesma experiência que ouvir uma banda ao
vivo?
O que Ragnar
conseguir fazer, na minha percepção, foi mostrar do que nossos corpos são
capazes quando ouvimos música. A música mexe com a gente e ali, literalmente,
diante daquela instalação, todos se mexeram. Caminharam, andaram, pararam, se emocionaram,
dançaram e, ao final, quando os músicos se encontraram numa só cena, num só vídeo,
no mesmo cômodo, a plateia se acomodou juntinha, todo mundo em frente ao mesmo
vídeo. Depois, quando os músicos saíram daquele vídeo para aparecer no nono vídeo,
do lado de fora da casa, as pessoas literalmente andaram pela sala “seguindo”
os músicos. Nesse momento, alguns espectadores já estavam cantando as músicas que
eles cantam nos vídeos.
As pessoas
andaram juntas depois de observar minutos a fio as cenas, cada uma olhando par aqueles
detalhes que mais lhes interessavam.
Num concerto
ou show, a plateia tende a ter movimentos limitados tanto pelo espaço quanto
pelas circunstâncias; isso faz parte do ritual tradicional de ouvir e assistir ao
espetáculo. Ragnar, em contraste, colocou a plateia para se movimentar. Os músicos,
claro, se mexem também e enquanto tocam é possível perceber como tocar um instrumento
envolve movimentos corporais completos. Um deles prefere até tocar dentro de
uma banheira, por vezes apoiando o violão num suporte de madeira.
Mas, entre
diversas sensações despertadas, o que senti de mais diferente e especial – além
da beleza dos vídeos e da ideia da instalação, muito bem construída – foi isso:
o fato de essa obra de arte promover o movimento do público por entre os músicos/os
vídeos. As pessoas acabam caminhando por entre os outros ouvintes/espectadores,
e então percebemos que não somos espectadores, mas parte de todo o contexto. A
cena ganha vida justamente quando quem a assiste se movimenta e acompanha, com
todo o corpo, o que acontece com os músicos em seus vídeos.
Assim como
eles estão, cada um, em seu cômodo tocando seus instrumentos, nós estamos
vivendo as nossas vidas individualmente. Mas somos seres individuais-coletivos.
Não existimos sem coexistir, mas só podemos coexistir se existirmos
individualmente.
A instalação,
assim, nos faz lembrar a própria vida; somos transeuntes a cuidar de nossos
cantinhos e caminhos, mas cruzamos o caminho uns dos outros e assim afetamo-nos
mutuamente. Somos o caminho uns dos outros. Cada um toca uma parte da música,
ou contribui com um instrumento, uma nota, uma dimensão. Mas, no fim, somos
parte da mesma sinfonia, todos em sintonia, mesmo que às vezes, isolados em nossos
cantos ou cômodos de “casa”, não nos demos conta.
Comercial da Volkswagen levanta questões filosóficas (quer queira, quer não…)
A primeira coisa que pensei quando vi o comercial da Volkswagen com a Elis e a Maria Rita foi: bom, a Maria Rita aprovou isso ; se ela aprovou, será que gostou do resultado? Fui procurar saber e sim, ela gostou, acha até que “realizou um sonho”.
O fato de ela ter gostado é, para mim, um dos sinais importantes a serem observados quando se trata de analisar a IA nas nossas vidas. A Elis foi sua mãe. A Maria Rita não poderia se sentir lesada ou triste de novo, já perdeu a mãe, ainda que há mais de 40 anos, então esse comercial tinha que ser algo bom para ELA, principalmente.
Respeitar as emoções que a IA origina é, eu defendo, um dos fatores mais relevantes quando se trata de ética na inteligência artificial. Não à toa se estuda até mesmo se as IAs podem “demonstrar” ou ” interpretar” emoções. Elas são importantes nos comerciais, também. E, claro, para os espectadores.
Um caso em que ambas as pessoas há tivessem morrido, e aí fizessem um comercial com elas usando IA, seria mais complicado. Quem poderia dizer se essas pessoas gostaram disso ou o que sentiram?
Aliás, vocês já viram o primeiro episódio da última temporada de Black Mirror na Netflix? Vale assistir. Vários questionamentos que estão lá já batem à nossa porta aqui, na “vida real”. E têm a ver com esse vídeo da Elis e da Rita.
No anúncio acima, a “Moça com brinco de pérola” de Vermeer abre uma garrafa de Coca-Cola depois de ela passar por diversas obras de arte que fazem de tudo para não deixar a peteca, ou melhor, a garrafa cair. O anúncio foi feito com inteligência artificial e também com filmagens reais e efeitos digitais diversos.
O interessante é que, em meio às questões que pairam sobre as artes e a IA, se a criatividade será estendida ou ofuscada pela IA, se o que a IA faz é arte ou não etc, esse anúncio chega lembrando que uma pode viver com a outra e gerar algo fabuloso. Isto é, arte e IA podem ser uma mistura interessante. Mas é isso: o anúncio é uma obra-prima em si, mas envolveu intenso trabalho e empenho. O esforço criativo não apenas dos artistas cujas obras de arte aparecem no vídeo, mas daqueles que fizeram o vídeo, claro, continua tendo altíssimo valor. Isso diz algo sobre a discussão quanto à IA “dominar” ou “substituir”, ou eventualmente expandir e enriquecer possibilidades.
Alguns dos livros e artigos que usei como base são estes:
DI PAOLO, E. A., BURHMANN, T. E BARANDIARAN, X, E. Sensorimo-tor Life. An Enactive Proposal. Oxford: Oxford University Press, 2017.
DI PAOLO, E. The Enactive Conception of Life. In: NEWEN, A., DEBRUIN, L. & GALLAGHER, S. The Oxford Handbook of 4E Cognition.Oxford: Oxford University Press, 2018
DI PAOLO, E. A.; CUFFARI, E. C. & DE JAEGHER, H. Linguistic Bodies.The Continuity between Life and Language. Cambridge: MIT Press, 2018.
DI PAOLO, E., ROHDE, M. & DE JAEGHER. Horizons for the EnactiveMind: Values, Social Interaction, and Play. In: Stewart, J., Gapenne, O. e DiPaolo, E. Enaction – Toward a New Paradigm for Cognitive Science. Cam-bridge: MIT Press, 2010.
DREYFUS, H. What Computers Still Can’t Do. MIT Press: New York, NY,USA: 1992.
DREYFUS, H. Skillful Coping – Essays on the phenomenology of everydayperception and action. Oxford: Oxford University Press, 2016
Quadro colaborativo feito durante a apresentação:
Para quem quer saber mais sobre Hubert Dreyfus, recomendo a leitura deste meu post:
Os centros de Ciência Viva em Portugal formam uma rede que conecta empresas, escolas, universidades, politécnicos e unidades de investigação localizados na região em que cada centro se encontra. São 22 centros, no total, e infos sobre eles podem ser consultadas em https://lnkd.in/dQSG2YFt.
No dia 3 de maio eu ministrei uma oficina sobre comunicação de ciência usando a Web que aconteceu na Casa da Seda, em Bragança, região nordeste de Portugal. O local é parte do Centro de Ciência Viva de Bragança, onde aconteceu a edição deste ano do SciComPt.
Na Casa da Seda, pode-se compreender o ciclo de vida do bicho-da-seda e conhecer a indústria de produção artesanal da seda, que teve grande importância para a economia local em outros tempos.
No outro pavilhão do Centro de Ciência Viva da cidade, pode-se interagir com diversas temática da ciência por meio de games, quebra-cabeças, dispositivos de realidade virtual, exposições itinerantes e outras atrações. O lugar é incrível, e vale demais a visita, especialmente para despertar nas crianças o interesse pela ciência.
Terça a Sexta – 10h-18h Sábados, Domingos, Feriados – 11h-19h Encerrado à Segunda (Última admissão meia hora antes do encerramento) O Centro encerra ao público nos dias 1 de Janeiro, 24, 25 e 31 de Dezembro.
Seleção de vídeos e links interessantes sobre comunicação de ciência; material complementar ao workshop de comunicação de ciência ministrado em Bragança, Portugal (3/maio/2023).
Por que você, pesquisador de mestrado ou de doutorado, deve estar presente nas redes sociais online?
A Web é uma das principais fontes de informação sobre ciência, tecnologia e saúde para o público não especializado. Também a Web é a principal fonte de *desinformação* sobre essas matérias.
Essa, em si, já é uma razão importante para os academicos fazerem parte do ecossistema de comunicação sobre ciência que a internet é capaz de proporcionar.
É importante, ainda, estar presente para:
– Fazer networking – Conhecer outras temáticas e áreas de pesquisa – Perceber onde estão os medos e receios do grande público – Perceber como aproximar a sua investigação do cotidiano das pessoas – Ganhar visibilidade com o seu trabalho
Para começar a estar mais presente digitalmente, três dicas que podem ser úteis:
1. Trace metas factíveis: metas complicadas demais acabam frustrando em vez de estimular – exemplo: um post por semana é muito melhor do que nenhum, mas postar todo dia pode ser uma meta difícil de alcançar num primeiro momento;
2. Planeje o dia da semana em que irá postar e produza seus posts com alguma antecedência (é interessante ter um “banco” de posts para ir usando, em vez de postar tudo de uma vez!);
3. Faça uma nuvem de palavras com os temas da sua pesquisa: ela vai te ajudar a se inspirar quando você precisar produzir um post e estiver sem imaginação.
No dia 3 de maio, estarei em Bragança, para o SciComPt – o Congresso da Rede de Comunicação de Ciência e Tecnologia de Portugal, ministrando a oficina “Usando a web para aumentar o alcance da sua investigação científica”, na programação pré-congresso, pela manhã. Junte-se a nós ou indique a alguém que você acredita que pode se interessar! Inscrições aqui neste link, com taxa reduzida até 17 de abril.
Estudar a aprendizagem humana e a inteligência artificial foi algo que levou a valorizar ainda mais as experiências genuinamente HUMANAS. Existe algo que é exclusivo nosso e que é a capacidade de SENTIR, de experimentar, de vivenciar na pele cada momento vivido. Conhecemos texturas, gostos, sabores, cheiros e sensaç˜ões – que podemos considerar boas ou más. Máquinas não sentem. Não experimentam nada, de fato. E esse foi um dos pontos mais importantes que explorei na minha pesquisa.
A experiência é um aspecto essencial da aprendizagem humana. Justamente porque experimentamos é que aprendemos; cada habilidade que vamos desenvolvendo fica entranhada em nós, e é sentindo que vamos conhecendo o que está no nosso entorno e adquirindo mais e mais habilidades. Percebo que gosto de me desafiar. Estar em lugares desconhecidos, com pessoas novas, fazendo coisas diferentes e até viver situações não tão confortáveis são elementos que levam a grandes aprendizagens. Acho que além de ser viciada em desafios eu sou viciada em aprender. Por isso esse meu entusiasmo tão grande por VIAJAR.
Acho interessante que a minha pesquisa de doutorado tenha me levado além do que era esperado; isto é, desenvolvi conhecimento em determinada área, sim, claro mas, mais do que isso, eu adquiri “na pele” a dimensão de como a experiência humana é que nos diferencia dos sistemas artificiais. Um tratamento especial da experiência faz parte das teses que investiguei, pertencentes ao enativismo e à cognição corporificada. Mas o toque principal foi dado pelas próprias vivências que tive enquanto fazia a minha investigação de doutorado. Elas me fizeram refletir muito e acabaram compondo o resultado final que está na minha tese.