Recentemente, tive o prazer de entrevistar profissionais do Museu do Amanhã e da Pinacoteca de São Paulo, além de um especialista da IBM, para escrever sobre o uso da inteligência artificial nesses dois museus. Trata-se de um recurso múltiplo, capaz de aproximar o público das exposições e envolver os visitantes em uma experiência diferente.
Há muitas incertezas no cenário do uso da I.A., seja em museus ou em qualquer contexto. Mas não há dúvidas de que a tecnologia abre vários caminhos novos para que o público explore formas inovadoras de se relacionar com as exposições nesses espaços de uma maneira mais ativa.
As entrevistas resultaram em uma matéria publicada no site Porvir.
Aqui no Brasil, imagino que bastante gente não saiba que a sigla PhD quer dizer ‘Doctor of Philosophy’. Pode ser até porque seu significado, na prática, anda deixado de lado. A ideia dos pesquisadores Gundula Bosch e Arturo Casadevall, que estão por trás da R3 Graduate Science Initiative na Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, em Baltimore, Maryland, é fazer exatamente esse esforço: o de colocar o Ph de volta nessa sigla, para valer. Os pesquisadores alertam quanto à falta de pensamento crítico e de reflexão na formação de pesquisadores, e foi para mudar isso que criaram o programa.
O autor lançou um livro novo, “A estranha ordem das coisas”, que conta ser a continuação de “O erro de Descartes”, publicado há 22 anos. Para quem deseja saber mais sobre o papel das emoções nas decisões que tomamos, esse autor é importantíssimo.
Uma das preocupações que surgem com o desenvolvimento das tecnologias de inteligência artificial é a manipulação indevida de nossos dados e imagens. Imagina se seu rosto fosse “encaixado”, por meio de uma tecnologia, no corpo de atores/atrizes em um filme pornográfico? Aconteceu com algumas atrizes famosas, como mostra essa matéria do El País. E você aí achando que o maior perigo são os robôs.. que nada, são os humanos, mesmo…
A música pode ser, para o cérebro, uma memória muito diferente das demais. Por isso, pessoas com Alzheimer são capazes de cantarolar canções antigas, apesar de terem dificuldade com outros tipos de conteúdo. Essa matéria fala sobre isso.
Em cerca de 30 anos, as máquinas serão muito mais hábeis e rápidas que nossos cérebros, a tecnologia será mais barata, e assim teremos a singularidade tecnológica. É nisso que acreditam vários especialistas em inteligência artificial. Como venho repetindo por aqui, há pesquisadores que defendem que a questão não está apenas no cérebro, então… será que a singularidade tecnológica vai ser atingida mesmo somente com os devices feitos à semelhança de nossos neurônios e suas conexões? Bom, essa é mais uma matéria que diz que sim.
Vejo tanto conteúdo bacana sobre inteligência artificial, tecnologia & seus impactos, vida digital & sociedade, robótica e afins, que vou tentar manter aqui no blog um espaço para seleções (ainda não sei se semanais, mensais ou de acordo com minha disponibilidade…) de artigos e matérias voltados para o tema; assim, eu não perco os links que tanto me interessaram e ao mesmo tempo os compartilho com os amigos leitores também conectados com esse universo. Importante destacar que não necessariamente concordo com tudo (provavelmente não!), mas pretendo trazer opiniões e pontos de vista diversos, para justamente formarmos um debate. É nisso que acredito, afinal.
Tudo tem, pelo menos, dois lados. Esse artigo da seção de Inteligência Artificial do El País, na verdade uma subseção da editoria de Tecnologia do veículo, mostra como podem ser os desdobramentos advindos da tecnologia de reconhecimento facial, uma vertente da I.A. bastante promissora e que não se limita à ficção faz tempo.
Este é um conteúdo patrocinado pela Accenture, publicado no site Quartz; recomendo, portanto, que seja lido criticamente, uma vez que se uma empresa bancou um conteúdo sobre o tema… ao menos devemos ser analíticos ao ver os pontos destacados, certo? Considero alguns deles bem interessantes, como o fato de que o impacto maior das máquinas no mercado de trabalho não ser provavelmente tanto na quantidade de empregos, mas no conteúdo das funções realizadas.
Você sabe o que ;é? O termo me chamou a atenção quando trabalhei no Museu do Amanhã, onde volta e meia ouvia alguém mencioná-lo. Esse artigo do Draft, de agosto do ano passado, ajuda a entender.
O artigo não é novo, foi publicado há quase um ano, mas eu só o descobri esta semana graças a um post de uma amiga no LinkedIn. Trata de como a I.A. (ao menos ainda) não vai substituir o trabalho dos advogados, mas por enquanto poderá fornecer recursos para que suas rotinas se tornam mais rápidas e eles possam focar em trabalhos mais profundos, e necessários. A reportagem menciona este artigo: Can Robots Be Lawyers? Computers, Lawyers, and the Practice of Law, de Dana Remus e Frank Levy.
Neste artigo, também não recente – publicado no site Fronteiras em 2015 – Camille Paglia fala sobre como faz falta o ensino da arte, que segundo ela seria um importante contraponto para a sociedade essencialmente digital em que vivemos.
O robô da foto acima é o Asimo, criado pela Honda. A primeira versão dele foi lançada em 1986. O Asimo anda, corre, sobre escadas, segura objetos, entende de comandos de voz; é um robô cada vez mais completo. Será mesmo?
Apesar de fazer tudo isso, Asimo consome 16 vezes mais energia que nós, humanos, para andar. Essa ineficiência energética decorre do fato de que, nesse robô, tudo é uma questão de processamento central: todo movimento que ele realiza, todas as suas ações são fruto de um design baseado em algoritmos, que resolvem questões relacionadas às funções da visão, navegação e do equilíbrio desse robô; os algoritmos passam instruções detalhadas para a máquina seguir.
Além da ineficiência energética, um outro problema que o Asimo enfrenta relaciona-se ao seu equilíbrio: ao caminhar sobre uma superfície plana, ele dá conta do recado. Mas, se precisar fazer movimentos para se resguardar de oscilações no chão, por exemplo, ele falha tentando realizar cálculos que o mantenham de pé.
Andrew D. Wilson é um cientista cognitivo interessado no estudo de robôs que conseguem aproveitar o ambiente para se saírem melhor nas tarefas para as quais são designados. Ele propõe em um artigo publicado no Psychology Today a comparação do Asimo a um outro robô, chamado Big Dog, desenvolvido pelo Leg Lab do MIT*. Contando com membros elásticos, ligamentos bem localizados, caudas que se movem corretamente por causa da forma como foram construídas, e não porque há um processador central no comando, diz Wilson, Big Dog se sai muito melhor do que Asimo no quesito movimentos corporais.
A forma como Big Dog foi pensado e construído voltou-se para o aproveitamento máximo do ambiente “real” (não de laboratório) com suas irregularidades e seus obstáculos. Esses elementos do ambiente, em conjunto com o “corpo” construído para o robô visando o melhor desempenho e fundamentado em suas características físicas, dá origem a um sistema dinâmico em que as partes se complementam. O resultado é que o Big Dog se sai muito bem em situações imprevisíveis; por exemplo, se cai, levanta; se é empurrado, seu “corpo” reage, e por aí vai.
O que esses robôs nos ensinam?
“A diferença entre os dois robôs é que o Asimo representa mentalmente suas habilidades, enquanto o Big Dog as corporifica”, diz Wilson. Isso significa que o Asimo precisa de um intrincado maquinário computacional, gerenciado por um processador central, capaz de apresentar um algoritmo para cada função que ele venha a exercer. Seu “corpo” é como se fosse um apêndice, um apoio; assim, para Wilson, o Asimo nao é de fato uma tecnologia corporificada: para sê-lo, precisaria de fato utilizar seu corpo e, na dinâmica com o ambiente, potencializar suas capacidades físicas. Esse é o caso do Big Dog e de muitos outros robôs, uma vez que essa tem sido a tendência no campo da inteligência artificial e da robótica.
O design do Asimo não reflete a forma como nós, humanos, funcionamos. Somos muito mais como o Big Dog.Nosso corpo aproveita o ambiente de diversas formas, algumas delas já exploradas aqui neste blog. Basta, para isso, nos observarmos andando a pé, correndo em ladeiras, pedalando bicicletas, andando de patins, enfim. Olhando para a forma de estarmos no mundo, de fato, poderemos ser melhores em produzir robôs. Mas para isso é necessário acreditar que nosso sistema cognitivo não se limita ao cérebro e que, acoplados ao ambiente, formamos com ele sistemas dinâmicos. Sobre isso, leia mais neste meu post aqui.
*Não encontrei, no site do MIT, o robô Big Dog, mas o artigo de Wilson é de 2012, então ele pode ter dado lugar a outros projetos (realmente não sei). De qualquer forma, a tendência no mundo da robótica é bem representada pelo Big Dog e por outros que você vê no MIT e em outros laboratórios, como os robôs-insetos da Barbara Webb.
O uso da internet para encontrar um amor não é recente. Todos conhecem – e muitos usam – os sites de relacionamentos, os apps como o Tinder e tantos outros.
Reportagem recente do Daily Mail traz a previsão de que quatro em cinco pessoas solteiras irão procurar por um amor na internet até 2050. Além disso, a reportagem destaca que deverá haver um aumento na idade média de quem buscará por parceiros pela Web – o que parece natural, devido ao fato de que estamos vivendo cada vez mais (temos que cuidar da humanidade para continuarmos assim, no entanto…!).
Levy acredita que relacionamentos de humanos com robôs serão uma realidade porque até lá a nossa relação com as máquinas já estará bastante natural…
Pode até ser.
Porém… há muitas questões aí, é claro.
Mas vou falar de apenas uma: quem pesquisa inteligência artificial e robótica e também está ligado às questões filosóficas provavelmente conhece o hard problem da filosofia (da humanidade?!): o da consciência.
A ciência ainda não conseguiu concluir como e por que temos consciência.
Consequentemente, também não há previsão para que robôs tenham consciência.
Então, por mais que uma máquina seja capaz de reproduzir o cérebro humano com perfeição, lhe faltará algo. Esse “algo”, que tem a ver com a nossa percepção, ainda envolve bastante mistério.
E aí, talvez caiba a pergunta: você namoraria alguém, melhor dizendo, um ser sem consciência?
Neste link do Guardian há uma boa reflexão sobre que tipo de relacionamento as sex-robots poderiam substituir…
Neste texto lindo, o escritor americano de ficção científica Terry Bisson fala que a singularidade tecnológica, que esperamos que aconteça com a superação humana pela inteligência artificial, na verdade, já aconteceu; teria começado 500 anos atrás, com a descoberta da prensa.
Conheci Terry Bisson por meio de um texto dele que é citado na obra Mindware, de Andy Clark; o texto citado se chama “They’re made out of meat“. Em Mindware, Andy Clark, que é filósofo e cientista cognitivo, se propõe a traçar um panorama do que foram os últimos 40/50 anos de pesquisa na ciência cognitiva. O autor cita vários pensadores que contribuíram para a pesquisa na cognição nos últimos anos.
Segundo Clark, nos anos iniciais da pesquisa cognitiva, marcados pelo materialismo, o cérebro era comparado a uma espécie de máquina de carne (“meat machine”), em que pensamentos, sentimentos, desejos, medos, crenças e o intelecto seriam a operação desse cérebro, ou da máquina de carne em nossas cabeças. Eles seriam o “mindware”, em uma alusão ao software que roda em máquinas, ou em hardwares – portanto, o cérebro seria o hardware e o software a rodar nele seria o “mindware”; ou: o cérebro seria o “meatware”, o hardware, e a mente, o “mindware” estaria dentro dele, a rodar nele. (CLARK, 2011).
Com informações de:
http://www.terrybisson.com/ (Acesso em 29 de outubro de 2017)
CLARK, Andy. Mindware. New York: Oxford University Press, 2014.