Curso Inteligência Artificial e Aprendizagem na PUC-Rio

O curso se volta para profissionais da educação, como professores, supervisores de ensino e consultores, mas pode também ser aproveitado por estudantes e pesquisadores de outras áreas.

Ao final do curso, espera-se que os alunos sejam capazes de:
1. Compreender o funcionamento básico da IA na forma de machine learning;
2. Compreender os fundamentos dos LLMs – Large Language Models (ex. ChatGPT, Gemini);
3. Compreender onde a IA está presente na educação e quais as implicações dessa presença;
4. Obter uma perspectiva analítica para pensar criticamente as tecnologias emergentes na educação e no futuro do trabalho;
5. Elaborar estratégias práticas para a realidade da escola ou instituição de ensino no sentido de incorporar a IA ao contexto educacional;
6. Receber apoio para suas dúvidas e apreensões em um espaço receptivo que convida à construção coletiva de soluções e caminhos para a IA na educação.
Saiba mais e veja como se matricular!

ETD SCHOOLS – Formação em IA para educadores

Profissionais de diferentes áreas de atuação vêm buscando maneiras de incorporar tecnologias de inteligência artificial às suas rotinas de trabalho. Por que isso seria diferente no caso do professor? Quando falamos de IA na educação, às vezes – por incrível que pareça – esquecemos de pensar o professor como um profissional que procura ativamente se atualizar e trazer inovação para a sua rotina.

Mas essa é uma dimensão essencial da IA na educação, e uma dimensão que abre muitas possibilidades. Afinal, é quando o professor experimenta com IA generativa que ele consegue compreender melhor tanto as potencialidades quanto as limitações dos LLMs – e, assim, até mesmo apoiar melhor as escolas e universidades nos ajustes que se fazem necessários quando estudantes estão comprovadamente usando, em massa, a IA generativa.

Além disso, como o educador pode promover letramento digital nas escolas e ajudar nas regulações da IA nas universidades quando ele não te conhecimentos avançados no tema e nem o tempo necessário para compreender o que essa inovação significa?

Para apoiar os educadores, supervisores de ensino, pessoas e empresas que desenvolvem tecnologias inovadoras para a educação, preparei o projeto ETD SCHOOLS, junto à ETD – Escola da Transformação Digital. O projeto abarca diferentes possibilidades e formatos, podendo se adequar à necessidade de escolas, universidades e instituições de ensino de diversas naturezas. O grande diferencial dessa iniciativa é a possibilidade de customização para a realidade de cada instituição, além do foco no professor, educador, supervisor de ensino enquanto um profissional que vê a necessidade de incorporar a IA à sua prática e precisa desenvolver pensamento crítico sobre isso.

O material básico de apresentação da formação está disponível aqui, e para saber mais basta falar comigo pelo camilaleporace arroba gmail ponto com 😉

Ser humano não está fora de moda…

Indicações de leituras

Artificial intelligence in education – Report of the Special Rapporteur on the right to education, Farida Shaheed (UNESCO)

AI is creating a divide between teachers and students

Marco referencial de competências em IA para professores da UNESCO

When the prompting stops: exploring teachers’ work around the educational frailties of generative AI tools

Das atividades à avaliação: como a IA apoia a personalização do ensino

Máquinas de ensinar analógicas: as precursoras da inteligência artificial na aprendizagem (Camila Leporace)

The Smiling Girl, the Serious Boy, and the Teaching Machines (Audrey Watters)

Calculating and Powers: Interview with Kate Crawford – It is urgent today to look at AI for what it is: a system based on chains of resource exploitation that are not always transparent


Tese Camila Leporace – MACHINE LEARNING E A APRENDIZAGEM HUMANA – Uma Análise a Partir do Enativismo

South Korea slows down on AI education

Nomes da IA

Marvin Minsky

Kate Crawford

Hubert Dreyfus

Herbert Simon

BF Skinner

Vídeos

Paradoxo de Moravec

Teaching Machines / Máquinas de Ensinar de Skinner – https://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20

Livros

Algoritmosfera – A cognição humana e a inteligência artificial (Camila Leporace)

What Computers Can’t Do (Hubert Dreyfus)

Natural-Born Cyborgs (Andy Clark)

The Promise of Artificial Intelligence (Brian C. Smith)

Tecnologia Do Ensino (B. F. Skinner)

Entrevista comigo

Nuvem de palavras e sentimentos

Screenshot

100 perguntas sobre IA, inovação e desafios para a educação

100 PERGUNTAS SOBRE IA NA EDUCACAO

  1. O que os professores temem perder ao adotar ferramentas de IA na educação?
  2. Por que tantos educadores sentem que a IA pode substituir seu papel em sala de aula?
  3. Como é o medo de se tornar “irrelevante” diante de tecnologias tão avançadas?
  4. A IA ameaça o valor da experiência humana no ensino?
  5. Os professores têm medo de que suas vozes não sejam ouvidas nas decisões sobre tecnologia na escola?
  6. O que sentimos quando somos chamados a usar algo que não entendemos completamente?
  7. Por que a IA parece mais difícil ou distante do que outras tecnologias que já usamos?
  8. Como o medo de errar ao usar IA afeta a disposição dos professores em experimentar?
  9. O que está por trás da sensação de “não estou preparado” para lidar com IA?
  10. Será que o medo de não acompanhar as inovações tecnológicas é também o medo de perder espaço no mundo?
  11. Os professores têm medo de que a IA dite o que e como ensinar?
  12. Como a sensação de perda de controle sobre os processos pedagógicos se conecta ao medo da IA?
  13. A IA vai interferir na liberdade de ensinar com sensibilidade e criatividade?
  14. O medo da vigilância digital está presente quando falamos de IA na educação?
  15. Quem decide como a IA será usada na escola — e isso gera medo nos professores?
  16. A IA vai enfraquecer o vínculo humano entre professor e aluno?
  17. Os professores têm medo de que os alunos fiquem mais dependentes da tecnologia do que da mediação humana?
  18. Como lidar com o medo de que os alunos usem a IA para “burlar” o aprendizado?
  19. O uso da IA pode diminuir a formação ética, emocional e crítica dos estudantes?
  20. O que os professores sentem quando percebem que os alunos sabem mais sobre IA do que eles?
  21. E se eu não conseguir acompanhar essa revolução?
  22. O que significa ser um bom professor num mundo com IA?
  23. Como posso continuar sendo relevante sem me transformar em algo que não sou?
  24. Existe espaço para a sensibilidade humana em um cenário educacional mediado por algoritmos?
  25. Quem serei eu como profisisonal daqui a cinco anos?
  26. Quem sou eu como profissional após a popularização da IA?
  27. O que acontece com a minha identidade como professor quando sinto que a IA faz o que eu faço?
  28. E se a minha forma de ensinar não for mais valorizada num mundo cada vez mais automatizado?
  29. Como posso preservar o que é essencial no meu trabalho diante de tantas mudanças tecnológicas?
  30. O que me torna insubstituível como educador — e será que isso ainda importa?
  31. O que significa ensinar quando máquinas também “ensinam”?
  32. E se eu não souber usar essas ferramentas e parecer “ultrapassado”?
  33. Como posso enfrentar o medo de me expor ao erro diante dos alunos e colegas?
  34. Por que me sinto inseguro ao falar de algo que os alunos dominam melhor do que eu?
  35. O que me impede de experimentar, mesmo sabendo que errar faz parte do processo?
  36. Como confiar em uma tecnologia que não conheço profundamente?
  37. A IA vai reforçar desigualdades ou ajudar a superá-las?
  38. Quem garante que a IA não vai manipular, excluir ou distorcer o processo educativo?
  39. Posso confiar em decisões pedagógicas tomadas por algoritmos?
  40. E se a IA começar a ditar o ritmo, o conteúdo e o formato das minhas aulas?
  41. O que acontece com a escuta, o olhar, o cuidado, quando uma máquina entra na sala?
  42. A IA pode compreender a complexidade de um aluno como o ser humano entende?
  43. Como manter o afeto, a presença e o vínculo num ambiente mediado por algoritmos?
  44. Será que os alunos vão valorizar menos o professor humano com a presença da IA?
  45. Como proteger o espaço do encontro humano na escola digitalizada?
  46. Quais as decisões envolvidas em uma pedagogia que incorpora IA?
  47. Como auxiliar escolas na adoção da IA com ética e criatividade?
  48. O medo que sinto é só meu ou é parte de algo maior que precisa ser discutido coletivamente?
  49. Onde estão os professores nas conversas sobre o futuro da educação com IA?
  50. Qual o meu papel na educação agora?
  51. O medo pode me ajudar a inovar ou só me paralisa?
  52. O que nenhuma IA consegue fazer como um professor humano?
  53. Como a presença de um professor transforma uma experiência de aprendizagem?
  54. Em tempos de IA, por que o olhar do professor ainda é tão necessário?
  55. Que tipo de aprendizagem só acontece quando há um vínculo entre professor e aluno?
  56. Como se cria um vínculo entre professor e aluno?
  57. A IA pode reforçar vínculos entre professores e alunos?
  58. Para além do conteúdo, o que a escola oferece que a IA não pode replicar?
  59. Como a escola humaniza a experiência de aprender em uma era cada vez mais digital?
  60. O que se perde quando pensamos a educação apenas como transmissão de informação?
  61. A escola deve resistir ou se adaptar à lógica dos algoritmos?
  62. O que significa usar IA sem perder a centralidade do humano no processo educativo?
  63. Qual o meu papel no sentido de ajudar a promover a IA na educacao mas mantendo o humano no centro?
  64. Que lugar a escola deve ocupar nas decisões sobre o uso ético da IA?
  65. Que lugar uma empresa de tecnologias e soluções educacionais ocupa na promoção da IA na educação de forma humanizada?
  66. Como construir um futuro educacional em que a IA valorize — e não enfraqueça — a presença do professor?
  67. O que perdemos quando seguimos o ritmo das máquinas, e não o dos humanos?
  68. Por que sentimos que estamos sempre atrasados quando o assunto é inovação?
  69. Como equilibrar o entusiasmo pela novidade com a responsabilidade de pensar suas consequências?
  70. Inovar rápido é sempre melhor?
  71. Como saber se estamos adotando uma tecnologia porque ela é útil ou apenas porque ela é nova?
  72. O que significa inovar com consciência num mundo onde tudo parece urgente?
  73. O que é mais difícil: aprender a usar uma nova ferramenta ou questionar se ela deveria ser usada?
  74. A quem mais interessa a inovação na educação?
  75. Como garantir que o pensamento crítico acompanhe a inovação?
  76. Como resistir à sensação de que estamos ficando para trás se não adotarmos tudo imediatamente?
  77. Podemos dizer “ainda não” a uma tecnologia sem sermos vistos como ultrapassados?
  78. Tecnologia é sinônimo de inovação?
  79. De que forma a lógica da aceleração impacta nossas decisões na educação?
  80. Quem são os excluídos quando a inovação avança rápido demais?
  81. Que perguntas precisamos fazer antes de desenvolver tecnologia para as escolas?
  82. Educação envolve afeto; inovação e afeto são conciliáveis?
  83. Eu sinto que vivo no tempo do algoritmo ou no meu?
  84. Que princípios devem guiar uma inovação pedagógica em tempos de IA?
  85. O que acontece quando a aparência de inovação esconde práticas antigas com nova embalagem?
  86. O que a experiência docente tem a ensinar à tecnologia que chega nas escolas?
  87. Por que às vezes sentimos que a inovação ignora o que já funciona bem na prática?
  88. Como valorizar o saber construído na sala de aula ao propor uma “solução” digital?
  89. A quem ouvimos quando decidimos inovar: os programadores ou os professores experientes?
  90. A experiência precisa de tempo para se formar — como isso dialoga com a urgência de inovar?
  91. Como inovar sem desrespeitar o tempo que cada pessoa precisa para aprender, testar e confiar?
  92. Estamos formando educadores para experimentarem ou para apenas implementarem o que vem pronto?
  93. A inovação que chega respeita o percurso de quem já vem construindo a educação?
  94. A tecnologia que adotamos considera a realidade e os sentimentos dos professores?
  95. Quais experiências estamos cultivando com a tecnologia — e quais estamos sufocando?
  96. O que acontece com o processo de aprendizagem quando a experiência humana é mediada por algoritmos?
  97. O que é mais transformador: uma nova ferramenta ou uma nova escuta da experiência coletiva?
  98. Como reconhecer e valorizar a experiência de professores que inovam sem precisar de tecnologia?
  99. O que torna uma inovação legítima aos olhos de quem vive a educação todos os dias?
  100. O que é inovar?

O trabalho docente e a inteligência artificial: entrelaçamentos possíveis e desafios latentes

Sugestões de links sobre o tema:

Interview with Neil Selwyn

When the prompting stops: exploring teachers’ work around the educational frailties of generative AI tools

The Political Economy of Datafication and Platformization: Digital Transformation in Higher Education

Referencial teórico da pesquisa

BANNELL, R. I. Uma faca de dois gumes/A double-edge sword. In: FERREIRA, Giselle M. S.; ROSADO, Luiz A. S.; CARVALHO, Jaciara S. (Org.) Educação e Tecnologia: abordagens críticas. Rio de Janeiro: SESES – Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, 2017, p. 17-82.

BARBOSA, R. P.  e ALVES,  N. A Reforma do Ensino Médio e a Plataformização da Educação: expansão da privatização e padronização dos processos pedagógicos. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 21, p. 1-26, 2023

BOALER, J. Seeing is Achieving: the Importance of Fingers, Touch, and Visual Thinking to Mathematics Learners. In: Macrine, S. L. e Fugate J. M. B. (Edit.) Movement Matters – How Embodied Cognition Informs Teaching and Learning, pp. 121-130.

CELIK, I., MUUKKONEN, H. e JÄRVELÄ, S. The Promises and Challenges of Artificial Intelligence for Teachers: a Systematic Review of Research. TechTrends, v. 66:616–630, 2022.

HOLMES, W.; BIALIK, M.; FADEL, C. Artificial Intelligence in Education – Promises and Implications for Teaching and Learning. Boston: The Center for Curriculum Redesign, 2019.

KREMER, Bianca; NUNES, Pablo; LIMA, Thallita G. L. Racismo algorítmico [livro eletrônico]. Rio de Janeiro: CESeC, 2023. (Coleção Panorama). Disponível em:  https://www.academia.edu/114040800/Racismo_Algor%C3%ADtmico. Acesso em: 2 de março de 2025.

LEPORACE, C. Algoritmosfera – A cognição humana e a inteligência artificial. São Paulo: Hucitec, e Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2024.

OLIVEIRA, N.N. F. B. When home office is a privilege of servitude: towards a morphology of digital labor at the new artificial intelligence industry. Revista Eptic, v. 26, n.2, mai.-ago 2024.

SELWYN, N. The Social life of AI in Education. International Journal of Artificial Intelligence in Education. 34:97–104, 2024.

SELWYN, N. Should Robots Replace Teachers? AI and the future of education.

WILLIAMSON, B.; EYNON, R. Historical threads, missing links, and future directions in AI in education. Learning, Media and Technology, 45:3, 223- 235, 2020. DOI: 10.1080/17439884.2020.1798995

IA no ensino superior

Indicações de links e referências

Universidade de Aarhus sobre o uso de chatbots

Open Letter: Stop the Uncritical Adoption of AI Technologies in Academia (acadêmicos da Holanda)

Universidade Lusófona – Despacho conjunto no. 76 / 2023 https://www.ulusofona.pt/noticias/integridade-academica-uso-de-instrumentos-de-inteligencia-artificial

O papel da IA generativa na universidade – Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

Artigos de Andy Clark sobre mentes estendidas e IA generativa – https://www.nature.com/articles/s41467-025-59906-9

https://link.springer.com/article/10.1007/s11229-025-05046-y

IA e criatividade – https://hbr.org/2023/07/how-generative-ai-can-augment-human-creativit

https://www.newyorker.com/magazine/2025/07/07/the-end-of-the-english-paper

More work for teacher? The ironies of GenAI as a labour-saving technology

Casos professores – Neil Selwyn

https://www.newyorker.com/magazine/2025/07/07/the-end-of-the-english-paper

Entrevista com Neil Selwyn – https://seer.ufrgs.br/index.php/rbpae/article/view/142046/95996

Digital Degrowth: Exploring Sustainable Technological Futures in Education (University of Denmark)

Ethical guidelines on the use of artificial intelligence and data in teaching and learning for educators

https://digital-strategy.ec.europa.eu/en/news/commission-launches-ai-tools-online-platform-researchers-and-industry

IA na Farmácia

https://www.linkedin.com/pulse/ferramentas-de-ia-usadas-para-predi%C3%A7%C3%A3o-novas-e-nascimento-neto-u06ne

https://agencia.fapesp.br/testes-em-animais-sao-reduzidos-com-novos-ensaios-in-vitro-e-simulacoes/20928

https://www.qualitor.com.br/blog/interna/impactos-da-inteligencia-artificial-na-industria-farmaceutica-uma-analise

Cientistas usam inteligência artificial para triar possíveis novos fármacos contra malária

PESQUISA – CAMILA LEPORACE

https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/107249/1/Tese_Camila%20Leporace_FINAL.PDF

Cartas para a humanidade ler em 200 anos

CARTA 1

Carta para o Futuro da Humanidade
Escrita no planeta Terra, ano de 2025

Queridas e queridos habitantes do futuro,

Se esta mensagem atravessou dois séculos até vocês, é porque acreditamos profundamente que há algo em nós — humanos — que vale a pena preservar, proteger e celebrar.

Vivemos num tempo de profundas transformações. A inteligência artificial floresce e nos encanta com suas capacidades. Mas, entre algoritmos e dados, sabemos que há valores e experiências que nenhuma máquina poderá substituir.

Somos um grupo de pessoas que, em meio ao avanço da tecnologia, decidiu dedicar sua atenção àquilo que nos torna humanos — e que não pode, jamais, ser esquecido.

Preservem a empatia, essa rara habilidade de se colocar no lugar do outro. Valorizem o amor, não só o romântico, mas aquele que acolhe, cuida, perdoa e insiste. A amizade verdadeira, os abraços apertados, a curiosidade sem fim.

Guardem com carinho a capacidade de sentir saudade, de se comover com um pôr-do-sol, com uma canção, com um filme, com o cheiro da relva fresca, com o riso de uma criança, com o silêncio de uma despedida.

Respeitem a finitude da vida. E, por isso, vivam com sentido. Que o pensamento crítico, a ética, a criatividade e a capacidade de errar e aprender sigam pulsando em vocês como parte do que significa viver.

Não deixem morrer:

  • A emoção de beijar alguém pela primeira vez.
  • O susto bom de reencontrar quem se ama depois de um tempo.
  • A alegria de criar algo novo com as próprias mãos.
  • A paixão pela arte, pela dança, pela música, pelas histórias.
  • A coragem de chorar de tristeza ou de alegria, e de não esconder isso.
  • O poder de rir com amigos, de sentir nostalgia ao ouvir uma canção antiga.
  • O impulso de partilhar comida com quem precisa.
  • A ternura de cuidar de um animal, de uma criança, de um estranho.
  • A experiência transformadora de ouvir e ser ouvido.
  • O valor das conversas sob as estrelas, dos silêncios compartilhados, da saudade inexplicável.

Carreguem adiante a memória dos nossos erros e aprendizados. Da mãe que acolhe mesmo depois do tombo. Do professor que mudou uma vida com uma aula divertida. Do primeiro livro lido com esforço e encanto. Do amigo que partiu cedo demais. Do filho que nasceu e renovou o sentido da existência.

Lembrem-se: não somos perfeitos. Somos contraditórios, hesitantes, emocionais. Mas é justamente aí que reside nossa força.

Preservem isso. Honrem isso. Humanidade é isso.

Com ternura e esperança,
Nós, os guardiões da humanidade no tempo da virada.
Pesquisadoras e Pesquisadores do ano de 2025

CARTA 2

Prezados habitantes do futuro,

Nós, pesquisadores do passado distante – o vosso ano 2025 –, escrevemos-lhes com um misto de esperança e uma pontinha de inquietação. A Inteligência Artificial (IA) é, para nós, uma promessa deslumbrante, mas também um desafio. Vemos um futuro onde a IA pode transcender muitas das nossas limitações, mas tememos que, na busca por uma eficiência perfeita, as características que nos tornam intrinsecamente humanos se percam.

É por isso que esta carta é um lembrete, um apelo para que, daqui a 200 anos, vocês valorizem e preservem o que é verdadeiramente humano.

Onde a Essência Humana Reside


Acreditamos que a riqueza da humanidade reside na nossa vulnerabilidade e na nossa finitude. Sim, estas que podem parecer fraquezas, são na verdade as sementes da nossa compaixão, compreensão, tolerância e, acima de tudo, do amor. Lembrem-se que amar é um ato de entrega, de aceitação da imperfeição. É sentir saudade daqueles que se foram, como a dor de um amigo que partiu cedo demais, ou a ausência de um pai que nos ensinou a viver sem ele. É a emoção que nos inunda ao ver uma obra de arte que só conhecíamos em livros, ou a alegria de um abraço que nos faz sentir acolhidos quando mudamos de cidade.

Nós, humanos, somos feitos de emoção e sentimento. São as experiências pessoais que nos moldam, como a primeira vez que andamos de bicicleta, o cheiro da relva cortada de fresco, ou a conversa pela noite fora sob um manto de estrelas. É a expressão dessas emoções, seja chorar de alegria ou tristeza, rir junto com os amigos, ou o poder do toque que nos conecta uns aos outros. As nossas idiossincrasias e contradições, as nossas hesitações, até mesmo os nossos erros e defeitos, são o que nos tornam únicos e reais. A paixão e o medo coexistem em nós, impulsionando-nos e protegendo-nos.

A Força das Conexões Humanas


Cultivem a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro. Lembrem-se de momentos como partilhar comida com alguém sem abrigo, ou a sensação de deslumbramento ao descobrir que é possível ter um minuto de beleza todos os dias. A lealdade, amizade e solidariedade são os pilares das nossas sociedades. É a preocupação genuína com o próximo, o cuidado com alguém que precisa, o sentido do amor que nos impulsiona a sermos melhores. A afabilidade e a tolerância são virtudes que constroem pontes, não muros.

Nós aprendemos e crescemos com as nossas falhas, como quando percebemos que os erros podem ser os maiores mestres. A vida nos ensina que nem tudo sai como queremos, e às vezes, os desafios são maiores do que imaginamos, como perder um jogo de basquete fácil. A resiliência humana reside na nossa capacidade de superar, de nos adaptar e de nos reinventarmos.

A Mente Humana: Criatividade e Pensamento Crítico


Valorizem a curiosidade, aquela que nos faz ler o primeiro livro sozinhos, que nos leva a querer conhecer mais sobre o mar, ou a viajar e aprender sobre novas culturas. A criatividade é a nossa capacidade de criar coisas novas, de dançar, de pintar, de nos maravilhar com o despertar da personalidade dos filhos. O pensamento crítico é essencial para a nossa evolução, a nossa capacidade de julgar, analisar e marcar diferenças, de ter uma opinião e pensar criticamente sobre o mundo. É a nossa cognição que nos permite raciocinar, mas é o afeto que nos dá propósito.

Que vocês nunca percam a capacidade de apreciar os outros, de sentir paixão pela vida, de ter sinceridade e honestidade nas vossas interações. Lembrem-se do quão importante é o compromisso e a partilha, o saber escutar e o dialogar.

Que vocês, no futuro, continuem a encontrar alegria em pequenas coisas, a rir alto com os amigos, a chorar de emoção com um filme. Que continuem a sentir ciúmes, porque até isso é um reflexo do nosso apego.

Não se esqueçam que a vida é um presente, e a saúde um privilégio. A maior das nossas memórias, seja uma viagem de infância a Évora ou o nascimento de um filho, é sempre acompanhada por uma trilha sonora de sentimentos.

Nós confiamos em vocês. Que a empatia, a solidariedade, o amor e a vulnerabilidade continuem a ser a vossa bússola.

Com esperança e fé na humanidade,

Os Pesquisadores do Ano 2025.

Referências – ENATIVISMO, AUTONOMIA E IA NA EDUCAÇÃO, PUC-Rio, 25 de março de 2025

Imagens utilizadas na apresentação, disponíveis no site do projeto Better Images of AI:

Hanna Barakat & Cambridge Diversity Fund / Better Images of AI / Shadow Work– Decrypting Bletchley Park’s Codebreakers / CC-BY 4.0

Hanna Barakat & Cambridge Diversity Fund / Better Images of AI / Turning Threads of Cognition / CC-BY 4.0

Shady Sharify / Better Images of AI / Who is AI Made Of / CC-BY 4.0

Referências Bibliográficas:

BANNELL, R. I. Uma faca de dois gumes/A double-edge sword. In: FERREIRA, Giselle M. S.; ROSADO, Luiz A. S.; CARVALHO, Jaciara S. (Org.) Educação e Tecnologia: abordagens críticas. Rio de Janeiro: SESES – Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, 2017, p. 17-82.

BARBOSA, R. P.  e ALVES,  N. A Reforma do Ensino Médio e a Plataformização da Educação: expansão da privatização e padronização dos processos pedagógicos. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 21, p. 1-26, 2023

BOALER, J. Seeing is Achieving: the Importance of Fingers, Touch, and Visual Thinking to Mathematics Learners. In: Macrine, S. L. e Fugate J. M. B. (Edit.) Movement Matters – How Embodied Cognition Informs Teaching and Learning, pp. 121-130.

CELIK, I., MUUKKONEN, H. e JÄRVELÄ, S. The Promises and Challenges of Artificial Intelligence for Teachers: a Systematic Review of Research. TechTrends, v. 66:616–630, 2022.

DI PAOLO, E.; ROHDE, M.; DE JAEGHER, H. Horizons for the Enactive Mind: Values, Social Interaction, and Play. In: Enaction – Towards a New Paradigm in Cognitive Science. STEWART, J.; GAPENNE, O; DI PAOLO, E. London: The MIT Press, 2010.

_________. A Concepção Enativa da Vida. In: BANNELL, R. I.; MIZRAHI, M.; FERREIRA, G. (Orgs.) (Des)educando a educação: Mentes, Materialidades e Metáforas. Tradução de Camila De Paoli Leporace. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2021.

HOLMES, W.; BIALIK, M.; FADEL, C. Artificial Intelligence in Education – Promises and Implications for Teaching and Learning. Boston: The Center for Curriculum Redesign, 2019.

KREMER, Bianca; NUNES, Pablo; LIMA, Thallita G. L. Racismo algorítmico [livro eletrônico]. Rio de Janeiro: CESeC, 2023. (Coleção Panorama). Disponível em:  https://www.academia.edu/114040800/Racismo_Algor%C3%ADtmico. Acesso em: 2 de março de 2025.

LEPORACE, C. Algoritmosfera – A cognição humana e a inteligência artificial. São Paulo: Hucitec, e Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2024.

OLIVEIRA, N.N. F. B. When home office is a privilege of servitude: towards a morphology of digital labor at the new artificial intelligence industry. Revista Eptic, v. 26, n.2, mai.-ago 2024.

SELWYN, N. The Social life of AI in Education. International Journal of Artificial Intelligence in Education. 34:97–104, 2024.

Conteúdo e referências da live ‘Desafios e oportunidades da inteligência artificial na educação’, Unicarioca, 18 de junho de 2024

Slides da apresentação

Rever a palestra

Artigos e Livros

LEPORACE. Camila De Paoli ALGORITMOSFERA – A cognição humana e a inteligência artificial, São Paulo: Hucitec e Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2024.

LEPORACE. Camila De Paoli. Máquinas de ensinar analógicas: as precursoras da inteligência artificial na aprendizagem. Dossiê Especial 30 anos da Revista Comunicação e Educação da USP – “Do analógico à inteligência artificial: 30 anos de Comunicação & Educação” (Aceito para publicação; será publicado até 30 de junho de 2024)

LEPORACE, C. & GONDIN, V. C. Experimentar o mundo a partir do corpo: estética como uma dimensão da cognição humana. Educação On-Line, Rio de Janeiro, v. 16, n. 38, set-dez 2021, pp. 227-244.

FIGUEIREDO, L. de O., ZEM LOPES, A. M., VALIDORIO V. C., & MUSSIO, S. C. (2023). Desafios e impactos do uso da Inteligência Artificial na educação. Educação Online18(44), e18234408. https://doi.org/10.36556/eol.v18i44.1506

GONSALES, P. e KAUFMAN, D. IA NA EDUCAÇÃO: DA PROGRAMAÇÃO À ALFABETIZAÇÃO EM DADOS. ETD –   Educação Temática Digital. Campinas, SP. v.25, p. 1-22, 2023.

Links variados

Apple pede desculpas por comercial do iPad Pro

Uma interação com um chatbot é mesmo uma interação?

A robótica & os movimentos humanos: um paradoxo

Big Data na Educação: é preciso abrir essa caixa preta

Ninguém sabe o que fazer

Nem tudo é cérebro no reino da cognição…

O cérebro que prevê (The Predictive Brain)

Inteligência Artificial: uma face obscura

Imagem do post: Foto de Alexander SinnUnsplash

Conteúdo e referências da apresentação que fiz na UERJ , para o Cibercog, em 29 de abril de 2024

Obrigada a todos que estiveram presentes pelas trocas engrandecedoras 🙂

Indicação de livros

What Computers Can’t Do (Hubert Dreyfus)

Natural-Born Cyborgs (Andy Clark)

The Promise of Artificial Intelligence (Brian C. Smith)

Introdução às ideias de Dreyfus

Introdução à Fenomenologia com Hubert Dreyfus

O que os computadores continuam não conseguindo fazer, 50 anos depois

Os 4Es da Cognição

As novas abordagens de pesquisa sobre a cognição humana

Autonomia na Algoritmosfera

As ameaças à nossa autonomia quando lidamos com sistemas de machine learning

Links variados

Uma interação com um chatbot é mesmo uma interação?

A robótica & os movimentos humanos: um paradoxo

Big Data na Educação: é preciso abrir essa caixa preta

Ninguém sabe o que fazer

Nem tudo é cérebro no reino da cognição…

O cérebro que prevê (The Predictive Brain)

Inteligência Artificial: uma face obscura